Meus Rabiscos
O educador, comprometido com seu sonho, em nome de um projeto existencial
coletivo, tem cada vez mais aflorada e sensibilizada sua visão prospectiva de
mudanças... Educação! Eis aí o grande desafio! Subjugada que sempre foi e
clamando por luzes oniscientes, brotadas das mais sérias e compromissadas
estirpes de educadores...
Educação que reclama passos firmes e mãos dadas num caminho
aberto ao infinito da esperança. Que reclama a presença da verdade, o
predomínio da prática-vida e a abominação do discurso vazio. Ela reclama o
sonho todos os dias sonhado num banco de escola: o sonho de se fazer
presença-guia num cotidiano de exclusões sociais. A educação reclama ética!
Reclama o libertar das amarras covardes de ideologias
escusas e a abolição da subserviência. Reclama do holocausto a que os mais
distantes rincões são submetidos: por onipotência, por omissão, por
ingenuidade. A educação reclama a mais explícita vontade política!
Reclama ouvidos aguçados, para os gritos sufocados,
lânguidos, que se repetem como ecos e se perdem pelos vales sem sol. A educação
reclama lucidez!
Reclama a coletividade para o sensibilizar, para o
auscultar, para o planejar e para o construir. Reclama a fertilização do chão
em que se pisa, onde tantas vezes se erguem estátuas ao tempo, abrigo de
iletrados e de onde se levantam monumentos que não se explicam e nem se
justificam, mas que reluzem aos olhos dos hipócritas e incoerentes. A educação
reclama o desvelar da mentira onipresente!
Reclama um chinelo para os pés descalços, para os dedos já
feridos por tantos tropeços, para que as pegadas sejam demarcadas no tempo e
não se percam no horizonte que a humanidade faz descortinar. Reclama coragem, a
falta de medo, o repúdio à covardia, para que o homem deixe de fingir o que
sabe e abra-se ao saber do outro. Reclama o fim da dicotomia ostensiva e
incongruente. A educação reclama pesquisa!
Reclama a aula “arco-íris”, que se curva ludicamente na sua
volta ao abrigo onde nasceu, que encanta, que alegra, que motiva, que se torna
um “escorregador” por onde a aprendizagem brinca e se diverte livremente. A
educação reclama a criatividade!
Reclama corpo e alma se entregando às descobertas das
próprias limitações e capacidades. Reclama a sede ardente do dualismo na
educação-miragem hoje vigente. Reclama a sensatez: para a humildade, para o
aprender, para o permitir-se, para o aceitar, para o questionar e para o
fazer... Sim... Para o fazer!
Reclama o que podemos dar: a disponibilidade de ser. Ser
útil, ser disseminador do saber, ser aglutinador de encaminhamentos e profícuo
articulador de propostas condizentes. A educação reclama a nossa parceria! E
ela só quer o nosso pensar crítico convertido em um fazer responsável!
Está feito o convite!
Publicado originalmente em 10 de maio de 2010
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