sábado, 31 de julho de 2010

Duplo Silêncio


Foto: Aender (Arcos-MG)



"Dois amigos cultivavam o mesmo campo de trigo, trabalhando arduamente a terra com amor e dedicação, numa luta estafante, às vezes inglória, à espera de um resultado compensador.

Passam-se anos de pouco ou nenhum retorno. Até que um dia, chegou a grande colheita. Perfeita, abundante, magnífica, satisfazendo os dois agricultores que a repartiram igualmente, eufóricos. Cada um seguiu o seu rumo.

À noite, já no leito, cansado da difícil lida daqueles últimos dias, um deles pensou :
"Eu sou casado, tenho filhos fortes e bons, uma companheira fiel e cúmplice. Eles me ajudarão no fim da minha vida. O meu amigo é sozinho, não se casou, nunca terá um braço forte a apoiá-lo. Com certeza, vai precisar muito mais do dinheiro da colheita do que eu".

Levantou-se silencioso para não acordar ninguém, colocou metade dos sacos de trigo recolhidos na carroça e saiu.

Ao mesmo tempo, em sua casa, o outro não conciliava o sono, questionando :
"Para que preciso de tanto dinheiro se não tenho ninguém para sustentar, já estou idoso para ter filhos e não penso mais em me casar. As minhas necessidades são muito menores do que as do meu sócio, com uma família numerosa para manter".

Não teve dúvidas, pulou da cama, encheu a sua carroça com a metade do produto da boa terra e saiu pela madrugada fria, dirigindo-se à casa do outro. O entusiasmo era tanto que não dava para esperar o amanhecer.

Na estrada, escura e nebulosa, daquela noite de inverno, os dois amigos encontraram-se frente a frente. Olharam-se espantados. Mas não foram necessárias as palavras para que entendessem a mútua intenção.

Amigo é aquele que no seu silêncio escuta o silêncio do outro."



Quando decidi escrever num blog, confesso que não alimentava muitas perspectivas! Precisava, isso sim, de uma válvula de escape onde pudesse eclodir e fazer implodir os fantasmas que assombravam a caminhada!

Alguns gritos metaforizados foram lançados. Aos poucos despiam e enfraqueciam-se os fantasmas. A blogagem já ganhava outros contornos!

Esta metáfora, da lenda judaica, espelha exatamente essa vivência nos blogs! Aos poucos, na virtualidade das falas, pessoas, seres humanos como eu, chegaram mais perto, acolheram e foram acolhidas.

Nenhuma explicação foi exigida! Nenhuma referência solicitada! Nenhum currículo foi preciso estampar! Nada!

A "pertença" foi tecida em cada postagem comentada e em cada comentário oferecido, numa reciprocidade sem igual.

Cada um dos caminheiros, tal como este caminhante, tem seus percalços, suas atribulações, suas incompletudes e suas fragilidades. Entretanto, cada encontro vivenciado fortalecia a fé em si e no outro, a crença na validade das utopias de vida e sobretudo, a comunhão de pensamentos, ideias e de almas humanizadas!

E é assim, nessa teia silenciosa, que as pessoas se dão umas às outras, cultivando a generosidade e a verdadeira amizade.

E é também, nessa teia tecida, que se aprende a não desatar os fios que unem, a não partir os laços que acolhem. Aprende-se a respirar carinho, afetividade, compreensão, admiração e alegrias.

Não é contraditório afirmar que há sobriedade nesta virtualidade. E nem mesmo seria enganoso dizer que há "presença viva" nesses encontros virtuais dos diálogos saboreados. Não! Não é contraditório e nem enganoso! As pessoas, por aqui encontradas, passam a transitar, "silenciosamente", em nossas vidas.

Silenciosamente porque não precipitam julgamentos, não escutam as hipocrisias e nem se ferem nas vaidades imbecilizantes. Ao contrário, transitam silenciosas porque se dão, ousam apropriar-se da pertença que ata, ousam misturar-se nos pensamentos e ideias, uns dos outros, tornados "seu" ou "meu".

Uma letra rabiscada é um olhar permutado, pronto a ser discernido. Um conto, uma poesia, uma gravura ou qualquer outra imagem, enfim, qualquer que seja a fala, significa principiar o diálogo.

É também, por conta de tudo isso que, quando nos ausentamos, quando "tiramos" férias de nós mesmos e "damos" férias aos outros, bate um vazio na alma, uma falta absurda de "gente" ao redor.

Cada um faz uma falta tremenda!

Então, enquanto cada um de vocês vem trazendo um pouco da própria colheita, saibam que também volto oferecendo-lhes, silenciosamente, um pouco da minha colheita!

Pronto! Cá estamos! Uma vez mais nos encontrando na estrada! Neste mesmo imenso campo onde "semeamo-nos", uns para os outros!

Que perdure o encontro!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Alguns dias, apenas!




O Caminhar & Ruminar ficará inativo, por alguns dias! Fica a promessa de que, ao retornar, cada um dos caminheiros será visitado! E cada visita será, igualmente retribuída.

Fraterno abraço a todos!




quinta-feira, 15 de julho de 2010

Uma primeira vez!!!

Imagem: http://brasilamoreterno.blogspot.com

Uma primeira vez...


A jovem recatada vai à primeira festa de sua vida e, com medo dos avanços dos rapazes, pede conselho à mãe:
- O que faço, mamãe, se os garotos insistirem...
- Se os rapazes começarem a insistir muito, minha filha, pergunta que nome eles vão dar à criança. Isso vai fazer com que eles desistam.
Assim foi. No meio de uma dança um carioca diz:
- Vamos para o jardim atrás da piscina, mina?
Ela vai, mas quando o moço quer avançar, ela pergunta:
- Que nome vamos dar à criança?
O carinha  olha com surpresa, diz que esqueceu a carteira no bar e sai de fininho.
Uma hora mais tarde repete-se a cena, com um paulista. Igualzinho. Quando ela pergunta qual será o nome do filho, ele fica de pés frios e vai-se embora.
Em seguida, chega um gaúcho como quem não quer nada e lhe dá um beijo. Ela pergunta que nome vamos dar à criança e o gaúcho também sai de fininho... cheio de resmungos: "bah tchê".
Mais tarde chega um mineirinho, vai com ela para o jardim, começa com beijinho aqui, beijinho ali, apalpa-lhe os seios e ela pergunta:
- Que nome vamos dar à criança?
Ele, com seu jeitinho quieto, faz de conta que nem ouve.
- Que nome vamos dar à criança?
Ele, matuto "surdinho", toca-lhe os seios.
- Que nooome vaaamos dar à criança?
Ele, depois de despí-la, ainda continua ouvindo calado.
- Que noooome... ahhh... vaaaaaaaamos daaar... ahhhh... à criança?
Ahhh... Ahhh...
E ela continua insistindo na pergunta.
- Queeee noooooome vaaaamos..... não para........ daaaar...
vai....vai..... vaiiiiií...... àaaaaah criaaaança????
Depois de algum tempo, já se recompondo da loucura, ela pergunta mais uma vez:
- E agora, qual vai ser o nome do nosso filho?
E o mineiro, triunfante, tira devagar o preservativo, levanta para o alto, dá um nó firme e diz:
- Se ele conseguir sair daqui vai se chamar "Magaiver" !!!!



Nota: para saber quem era o MacGyver, da foto abaixo, clique aqui:


terça-feira, 13 de julho de 2010

O momento certo

Foto: Jump, de André

Não se impaciente nos dias em que você se sentir titubeante e inseguro.
Haverá o momento de avançar novamente, firme e cheio de coragem.
Espere!
Não se debata quando todos os seus sonhos parecerem
aprisionados numa torre de marfim demasiado alta.
Haverá o momento em que ela cederá, como que por encanto,
e você poderá abraçar novamente a
sua própria amplidão.
Aguarde!
Não se desespere quando os seus sentimentos e pensamentos estiverem
nebulosos e confusos, causando inquietação e dificuldade
até para realizar as coisas mais simples.
Haverá o momento para você retomar a própria lucidez.
Confie!
Não se revolte quando faltar até mesmo um ideal,
um objetivo, uma meta pela qual lutar.
Haverá o momento em que você verá, com clareza,
o novo caminho a seguir.
Acredite!
Não se aflija quando sentir-se incapacitado para interagir ou participar
da grande correnteza da vida.
Haverá o momento para você entregar-se todo e dar o seu melhor
na alegria da interação e do compartilhamento.
Relaxe!
Não se torture quando as circunstâncias estiverem obscuras e indefinidas,
não lhe deixando outra opção que não seja ficar em cima do muro.
Haverá o momento em que você poderá descer, 
crescer e enriquecer-se no desafio da descoberta.
Tranquilize-se!
Ao final, saberá que - aos trancos e barrancos - você viveu intensamente
e não foi apenas um mero espectador da existência.
Saberá que as crises foram fetos não abortados dos fatos mais significativos
que hoje compõem a sua a história.
Mas enquanto espera ...
Viva!
(Do Livro "O Gol Nosso de Cada Dia")
Fátima Irene Pinto
www.fatimairene.com



Inaugurando o propósito das publicações nas quintas, escolhi esse belíssimo texto, que recebi por e-mail. Gostei muito, por isso compartilho! Um ótimo dia a todos!

domingo, 11 de julho de 2010

Por um MUNDO melhor

Foto: Laços, de Raul Santos

Minha amiga Déia, do Rumo à Escrita, a quem aprendi a admirar, ofereceu-me o selo "Blogueiros por um mundo melhor - nós fazemos a diferença"! As regras são as seguintes:
a- exibir, no blog, a imagem do selo e apoiar;
b- colocar o link do blog que lhe deu o selo;
c- indicar o número de blogs que quiser;
d- postar "algo" dizendo como se deseja que o mundo seja. Como esse mundo pode ser melhor.

Cumpridas as regras (indicarei os blogs ao final), restou-me uma grande indagação: por onde caminhar?

Enquanto educador, talvez pudesse proclamar os sonhos, ainda nutridos, cheios de esperanças, do aniquilamento das desigualdades e injustiças sociais. Da oportunização do saber, enquanto premissa inquestionável de toda e qualquer política educacional. E outros tantos sonhos ancorados numa visão abrangente de mundo.

Entretanto, os pés alicerçados num chão de inconformismo, ante horrendas transgressões humanas, não me permite tais voos. As absurdas atrocidades propagadas pelas mídias sensacionalistas encontram sempre, do outro lado, o ser humano, seja como expectador, autor, coadjuvante, "sentidor", "sentente", enfim, como ser que sofre o revés ocasionado por "atitudes" do seu semelhante.

Então eu me lembrei de uma pequena metáfora:

CONTA UMA POPULAR LENDA DO ORIENTE, QUE UM JOVEM CHEGOU À BEIRA DE UM OÁSIS, JUNTO A UM POVOADO E, APROXIMANDO-SE DE UM VELHO, PERGUNTOU-LHE:
– QUE TIPO DE PESSOA VIVE NESTE LUGAR?
O ANCIÃO, OLHANDO-O FIXAMENTE, RESPONDE COM UMA PERGUNTA:
– QUE TIPO DE PESSOA VIVIA NO LUGAR DE ONDE VOCÊ VEM?
– OH, UM GRUPO DE EGOÍSTAS, FALSOS E MALVADOS. – RESPONDEU O RAPAZ.
– ESTOU SATISFEITO EM HAVER  SAÍDO DE LÁ.
A ISSO O VELHO REPLICOU:
– A MESMA COISA VOCÊ HAVERÁ DE ENCONTRAR POR AQUI.
NO MESMO DIA, UM OUTRO JOVEM SE ACERCOU DO OÁSIS PARA BEBER ÁGUA E, VENDO O ANCIÃO, PERGUNTOU-LHE:
– QUE TIPO DE PESSOA VIVE POR AQUI?
O VELHO RESPONDEU COM A MESMA PERGUNTA:
– QUE TIPO DE PESSOA VIVE NO LUGAR DE ONDE VOCÊ VEM?
O RAPAZ RESPONDEU:
– UM MAGNÍFICO GRUPO DE PESSOAS, AMIGAS, HONESTAS, LEAIS, SINCERAS E HOSPITALEIRAS. FIQUEI MUITO TRISTE POR TER DE DEIXÁ-LAS.
– O MESMO ENCONTRARÁ POR AQUI – RESPONDEU O ANCIÃO.
UM HOMEM QUE HAVIA ESCUTADO AS DUAS CONVERSAS INDAGOU ENTÃO AO VELHO:
– COMO É POSSÍVEL? ELES DERAM RESPOSTAS TÃO DIFERENTES A UMA MESMA PERGUNTA?
AO QUE O VELHO RESPONDEU:
– CADA UM CARREGA NO SEU CORAÇÃO A CONCEPÇÃO DO MEIO EM QUE VIVE. AQUELE QUE NADA ENXERGOU E NADA ENCONTROU DE BOM NOS LUGARES POR ONDE PASSOU, NÃO PODERÁ ENCONTRAR OUTRA COISA POR AQUI. AQUELE QUE ENCONTROU AMIGOS ALI, TAMBÉM OS ENCONTRARÁ AQUI, PORQUE, NA VERDADE, A NOSSA ATITUDE É A ÚNICA COISA DA NOSSA VIDA SOBRE A QUAL PODEMOS MANTER CONTROLE ABSOLUTO.


Atitude! Eis a grande questão!

É preciso dizer, e com todas as letras, que as relações humanas se processam em vários e diferentes canais, muitas e muitas vezes em sentido divergente. Contudo, quando nessas relações há solicitude, apreço, lealdade e respeito, então é possível crer na intensificação de ações transformadoras. Quando ainda inclui uma sensível, cuidadosa e empática capacidade de escutar, então aí existe uma verdade, uma condição de liberdade que propicia a genuína fraternidade.

Sim, há consciência de que nenhuma realidade, qualquer que seja ela, por mais perversa ou difícil que possa se apresentar, muda-se da noite para o dia. Tudo é intensamente dinâmico na vida e o repouso, pura ilusão. Todavia, se cada um não impregnar de paixão as próprias utopias, então não se reconhecerá mais a "Face Humana". Estará decretada a insolvência da humanidade.

O "Mestre dos Mestres", onipotente, onisciente e onipresente, não reclama abrigo em palavras pomposas, tampouco em vestes ou lugares luxuosos. Não! É na simplicidade da atitude correta e congruente que o abrigo é reclamado. E nisso reside o convite para ser parte, tomar parte e fazer parte de um mundo melhor! Humanizado!

Que permaneça viva, então, a consciência de que aprender relações humanas significa uma ampla disponibilidade para viver intensamente cada um dos nossos semelhantes, desprovido de vaidades, estrelismos e arrogância, e que, ao contrário, há que se privilegiar a humildade para aprender a ler os gestos, as emoções, os sorrisos e as lágrimas, pois isso é o ser humano, isso é cada um de nós! Vale a pena repetir aqui Fernando pessoa: “Eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho de minha altura”.

Atitude!



Indico os seguintes blogs, lembrando, mais uma vez, que cada um fique à vontade para acolher ou recusar:

- Canduxa: Um Mundo Colorido
- José: Reflexões e Outras Divagações
- Marianne: Nas Páginas dos Pensadores
- Mauro: Doces Publicações
- Mila: Pensamentos da Mila
- Pri Sganzerla: Devaneios e Metamorfoses
- Sandra: Curiosa
- Tatiana: Simplesmente Amor
- Valéria Carvalho: Doce Algodão

sábado, 10 de julho de 2010

Trocadilhos II


João sem Braço


A máxima de levar vantagem em tudo ainda demarca terrenos inférteis no cotidiano. É a nódoa que mancha o respeito humano, pois trata-se da "arte" de enganar. Trata-se da covarde postura de esquivar, fugir do embate e intrujar ideários. E como nos deparamos com tais afrontas! Há um equívoco persistente de que o outro não é nada mais e nada menos que um degrau a ser tripudiado, devendo permanecer sempre abaixo, rastejando-se por caminhos onde a mesquinhez de muitos chega antes. A dissimulação é aviltante! A febre egoística já virou panaceia. Atônitos e fragilizados, os valores éticos e morais, quase sempre dispensados,  a tudo assistem.

A atitude reclamada é a honestidade. É a determinação em propagar a ética, na congruência do dizer e fazer. É cultuar o respeito mútuo, na compreensão plena de liberdade e patriotismo, evitando assim a asfixia social. É responsabilizar-se, solidariamente, por tudo que diz respeito a todos.



Pisar em ovos

As pessoas são imperfeitamente diferentes umas das outras, inclusive pelos significados que cada uma dá em relação às vivências, ainda que sejam as mesmas. É a percepção de cada um que traduz, subjetivamente, a concepção que se tem da realidade. E aqui começam os ruídos. Invariavelmente somos tentados a supor que a minha "tradução" é a mesma do outro. Então, o outro, passa a ser construído sob este prisma. E, na ausência de cuidados, a "verdade" de um teima sobrepor-se à do outro. Não se atenta à elaboração interior que se processa no outro, sob a égide da individual percepção, tomada com convicção de ser a mais acertada.

A atitude é de empatia e compreensão. Compreensão entendida aqui não meramente como esforço de captação das ideias, não apenas como interesse e atenção. Significa, isto sim, a empática atitude de enxergar pelos olhos do outro, de sentir suas elaborações, de compreender suas traduções da realidade, com o claro propósito de alcançar os significados que constrói. Esse cuidado, empático, é o nascedouro do verdadeiro diálogo.



Marcar a Touca

Diz um velho ditado que cavalo dado não passa arreado duas vezes em frente à porta. As oportunidades perdidas são assim, dificilmente se repetem. E a vida é recheada de imprevistos e surpresas. Em grande parte das vezes, as posturas oferecidas traem qualquer possibilidade de sucesso. Argumenta-se a falta de tempo para fazer agora o que precisa ser feito agora. E o ritmo frenético das mudanças não espera pacientemente a resolução de abandonar o papel de mero ator, expectador das alterações, para tornar-se o autor. "Ficar de bobeira" é perder a capacidade de agilizar respostas, de refletir consistentemente e imprimir ações que afetem a inércia da vontade.

A atitude aqui é a motivação. Motivação e ousadia. E isso está intimamente ligado à vontade, inerente portanto a cada um, exceto quando se permite deixá-la adormecer. É o despertamento, disciplinado e perseverante, gerando o entusiasmo vibrante. É a janela de cada um que se abre para o mundo. Quando a vontade se cala, se mantém arredia e escondida nos escombros dos caminhos, é necessário então um "mão na roda" para alavancar o entusiasmo e reanimar os passos.



 Mão na roda

A expressão é considerada aqui enquanto decisão em movimento. Não se falará, portanto, da sua origem. Importa que ela conclui os trocadilhos, isso porque o termo é multiuso, de ótima aderência às palavras solidariedade, amizade, ajuda, colaboração e tantas mais!

Mão na roda é acudir o tropeço do outro, ampará-lo, reerguê-lo e acolhê-lo no abraço fraternal. É oferecer-se em complemento, minimizando-lhe os desencontros, mitigando-lhe as frustrações, permitindo-lhe a cumplicidade do franco sorriso. É o grito de indignação que faz ecoar e contagia os submissos, elevando-lhes a capacidade de reação e de respostas tecidas na maturidade da criticidade. É fazer-se presente, quando o lamento for ouvido; é ajudar, sem esperar contrapartida; é solidarizar-se, quando o ânimo solicitar resgate; é constância de propósitos, quando o outro toma parte em nossas vidas. É não se esquivar, não furtar-se e não deixar esvanecer a declaração de companheirismo que une.

Mão na roda é cada um que consente o perdão, que respira compaixão, que se veste de altruísmo, que não abdica do amor ao semelhante, mesmo quando este é um desgarrado social malgrado em sua solitária condição. É ser "pau pra toda obra", quando os próprios atos puderem fazer diferença. É servir, verdadeiramente, como esteio onde o outro recupera as próprias forças e se refaz para a continuidade da caminhada!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Imagens e Humor

Traumas Cotidianos

Desventuras Românticas!

Eleições à Vista


Paraíso que nosso dinheiro paga!


O preço de uma traição!


Inconveniências da paixão!


"Até que a morte nos separe"!


Coisas da nossa terra!

Amor que não se apaga!

Despedidas dolorosas

Planejamento estratégico mal sucedido


Antiga situação! Mesmice com outros nomes!


E tudo isso no ano de 2010?!


Um sapo brasileiro no jogo das eleições! É esse o jeito!

domingo, 4 de julho de 2010

Trocadilhos I


Chorar o Leite Derramado

O arrependimento é implacável, quando a índole nutre-se de verdades e ética. A nossa humana propensão ao erro é fato, ocorre em razão das crenças cultivadas e nem sempre se revela mesquinha, má, vil. Ocorrem enganos, escorregadelas involuntárias quase, mas que ferem, que machucam.

A atitude a ser emprestada é, primeiro, o perdão a si mesmo. Saber reconhecer-se imperfeito e aprender na imperfeição a reconstruir-se melhor. Depois, é preciso humildade para o reparo exigido. Humildade significando "esvaziamento de si" , enquanto ausência de concepções prévias, de verdades intactas e absolutas. Significa a mais profunda e íntima manifestação de reconhecer-se na imperfeição, sua e do outro. É preciso ir em busca disso. É preciso não estagnar-se, em si mesmo, ou ensimesmar-se na arrogância. Percorrer, solitário, o vale das lamentações em nada contribuirá, em nada modificará o que posto está. Implica então em assumir, na totalidade, o seu próprio tamanho.



Encher Linguiça
As falas grandiloquentes nem sempre guardam coerência e nem sempre revelam verdades. Há máscaras que falseiam, apenas ajudam na performance das interpretações fantasiosas e equivocadas no palco da vida. Não é difícil lidar com "falas" dessa natureza, se externas a cada um. Difícil é lidar com esses "textos" construídos pra dentro, digeridos no confuso exagero da autoestima, em verdade autossuficiência. É quando o vazio existencial se torna um lugar lúgubre, tenebroso, solitariamente assustador. Quanto mais se tenta alcançar a aceitação, a reputação ou a glória, tanto mais de "nada" o vazio se encherá.

A atitude, primeira, é a da paciência consigo mesmo. Dosar a ansiedade da fala, dos gestos ou das fanfarrices. Depois, é exercer a tolerância em relação ao que partilha. É preciso esforço para compreender as vicissitudes e idiossincrasias no círculo de relações. Mais uma vez as imperfeições se revelam carentes. A empatia, tão árdua na aplicação, merece ser visitada e concedida. Os exercícios de descoberta, na aventura da reinvenção de si mesmo, passam a ser o programa predileto na dimensão humana. Embrenhar-se na selva das contradições, dos pesadelos do ser e das incompletudes desnorteantes, permitirá revisar-se por inteiro e alocar outros significantes no espaço não mais vazio. Em processo.



Engolir Sapo
Atire a primeira pedra aquele que nunca se "explodiu" de contrariedade. E reprimi-la é o pior dos remédios. Não há coração que aguente e nem estômago que resista. Por vezes o insulto, a humilhação, o sarcasmo, o escárnio, o mandonismo exacerbado, a prepotência, o jogo de poder, enfim, inúmeras situações nos retiram dos trilhos e sem pestanejar, já desferimos respostas que agigantam o estrago. Ou então, vem a acomodação, e os sapos passam a ser digeridos na constância da passividade. O organismo se acostuma a não mais vomitá-los e a não mais expeli-los. As escolhas impõem riscos de toda sorte.

A atitude a ser proposta é a da resistência consciente, da dignidade que não se vende, da firmeza de propósitos edificados na ética. Ainda assim, quando preciso, dar a face à bofetada é um ensinamento a não ser esquecido. A ignorância, se revidada, vira lugar comum, que não mais diferencia, não mais distingue. A resignação é o exercício da bondade, e muitas vezes da caridade. Entretanto, hostilizar a prepotência ou solapar a si mesmo, ante o enfrentamento da injustiça ou opressão, só fazem imperar o caos que sustenta o egocentrismo humano.  Hora de arrefecer os ânimos, recobrar a calmaria, concentrar-se na exuberância que reside em si mesmo e tratar, com serenidade, os descompassos.

Pagar o Pato
Responder por ações ou irresponsabilidades de outros é sofrer consequências dolorosas e incabíveis. Quantas e quantas vezes somos vitimados por "senhores do poder" que corrompem, se enriquecem nas masmorras da miserabilidade do povo e ao mesmo povo retornam com retórica afiada, a rir de tamanha e esquálida benevolência. "Senhores" que não aparecem nem na  "Voz do Brasil", mas que se infiltram nos porões do poder e com astúcia vilipendiam a boa fé. Por fim, vencem instituições já falidas, escamoteiam projetos reclamados, zombam da dignidade e fazem triunfar nulidades. E cada um paga o preço da distância que permitiu abrir.

A atitude não é outra senão indignar-se, na prática. Não é outra, senão gritar basta. Não é outra, senão fazer valer a cidadania e expelir, da democracia, esses intragáveis gatunos bem vestidos na mordomia do poder. É preciso repudiar o cabresto, jogar ao chão a sela imposta e extirpar, vez por todas,  as viseiras que retiram a vida da visão sistêmica e integral da realidade. Se a ausência de educação, e a criticidade por ela despertada, é apontada como responsável pelo cenário, então já é tempo de ressuscitar, em cada um, o cidadão que não se deixa enganar, não aceita o "arreio" e não tolera mais a rédea, para então propagar uma nova ordem, uma nova possibilidade, ou quem sabe até uma nova utopia. Importa que não se cale. Que não se submeta ao jugo. Que não se deixe corromper.

Fotos: google

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Temos que ter a FORÇA

Foto: As tuas mãos, de Pedro Gonçalves

Temos que ter a FORÇA
do vento que carrega a pedra,
da água que move a terra,
da mulher que gera o filho,
do jovem que abraça os sonhos.

Temos que ter a FORÇA
da noite que segura as estrelas,
da rosa que resiste aos espinhos,
do pão que alimenta a vida,
da fé que afasta o medo.

Temos que ter a FORÇA
do ombro que suporta a cruz,
da mão que levanta o enfermo,
do sol que acorda o dia,
da paz que cala a guerra.

Temos que ter a FORÇA
do amor que une os namorados,
do sorriso que revela a alegria,
da  fraternidade que iguala as pessoas,
da palavra que jorra dos lábios,
do coração que sabe amar.

Temos que ter a FORÇA
para nos tornar uma gota d’água e,
com as estrelas, fazer um rio
que corra para Cristo,
O GRANDE MAR!



A autora dessa poesia chama-se Aparecida Luzia Teixeira, que é cega, casada com um cego, mãe de 3 filhos, um dos quais é doente mental. Ainda assim, ela registra a mais linda poesia, nascida que é da esperança que lhe move; nascida da fé, que lhe alimenta os sonhos; nascida da determinação, que lhe ampara; nascida da "garra", que lhe impulsiona.

Esse é o exemplo que comove, que cativa, que instiga e que faz refletir sobre o rumo e a força dos passos...

Quando me deparo com um texto, feito esse, onde se dá conta de juntar expressões escritas e história de quem as escreveu, então é tempo de frear ansiedades, paralisar incômodos vivenciais e tentar alcançar a melhor compreensão possivel. Essa tentativa remete-me a Guimarãoes Rosa, em Grande Sertão Veredas, quando diz que “Um sentir é o do sentente mas o outro é do sentidor”.

Basta de palavras!