quarta-feira, 22 de junho de 2011

Tempo de Refazimento!

"Lugar de refazimento"
SILÊNCIOS E PALAVRAS!

Não diga as coisas com pressa. Mais vale um silêncio certo que uma palavra errada. Demora naquilo que você precisa dizer. Livre-se da pressa de querer dar ordens ao mundo. É mais fácil a gente se arrepender de uma palavra que de um silêncio.

Palavra errada, na hora errada, pode se transformar em ferida naquele que disse, e também naquele que ouviu. Em muitos momentos da vida o silêncio é a resposta mais sábia que podemos dar a alguém.

Por isso, prepara bem a palavra que será dita. Palavras apressadas não combinam com sabedoria. Os sábios preferem o silêncio. E nos seus poucos dizeres está condensada uma fonte inesgotável de sabedoria.

Não caia na tentação do discurso banal, da explicação simplória. Queira a profundidade da fala que nos pede calma. Calma para dizer, calma para ouvir.

Hoje, neste tempo de palavras muitas, queiramos a beleza dos silêncios poucos.


http://pensador.uol.com.br/autor/pe_fabio_de_melo/




Escolhi este texto, do Padre Fábio de Melo (segundo o Pensador Uol)  e o poema a seguir (cujo autor não tenho certeza, se Neruda, Massolar ou outro) para dizer um “Até Breve”! Preciso de um tempo de refazimento, pois não estou conseguindo comentar nos blogs. Blogar exige reciprocidade, sem o que, perde o sentido. Eu faço absoluta questão de visitar e comentar nos blogs e, quando o “tempo” não permite, abre-se uma lacuna irreparável. 


Assim, aproveito para antecipar as férias, revisar alguns passos, repensar estradas, redesenhar horizontes e, com certeza, revigorar o espírito “aventureiro” para os grandes encontros...


Em breve tempo retorno, e então espero reencontrar cada uma e cada um dos caminhantes que partilham o “Caminhar & Ruminar”... Cada passo partilhado tem significados que transcendem a existência deste caminheiro. 


Está valendo! Até breve!


O tempo resolveu dar um tempo de si mesmo...
Pobre coitado do tempo... Perdeu tempo!
O tempo ficou sem tempo para mais nada.

O tempo não desconfiava que
sem tempo não há tempo para a esperança,
que precisa de tempo para esperar.

O tempo, sem tempo ficou até que resolveu, em tempo,
dar um tempo ao que mais precisava de tempo:
ele mesmo, o tempo.

Quem vive sem tempo, como viveu o tempo sem tempo,
Igualmente vai perder tempo se não tiver tempo para esperar.
O tempo não pode viver sem tempo.

O tempo é senhor dos sonhos e acompanhante das esperas.
O tempo tudo cura, até a falta de tempo que não tenha mais cura.
O tempo vira tempo a tempo e a fora de tempo.

Há tempo para todas as coisas!
Há tempo para quem não quer perder tempo!
Há tempo para quem quer dar tempo!

Com tempo ou sem tempo, mas a tempo,
encontre tempo para devolvê-lo ao tempo.
Meu tempo acabou. Obrigado por seu tempo!
http://pensador.uol.com.br/autor/pablo_massolar/

quinta-feira, 16 de junho de 2011

"Palocciar"

Quintas de Humor

Somente um verdadeiro gênio, com inigualável competência (multiplicada por 20, inclusive), seria capaz de lograr êxito em consultorias tão bem arquitetadas... O brasileiro, tão carente de heróis, vê nascer então um verbo de "eloquência" inimaginável e até ousa conjugá-lo, talvez quem sabe, buscando multiplicar por 20 o necessário humor de cada dia.

As tirinhas que envergonham, também fazem sorrir... Será??
































Ótima quinta a todos!

terça-feira, 14 de junho de 2011

Lençóis Sujos

"Janela aberta"


Metáfora da Semana

 

Um casal, recém-casado, mudou-se para um bairro muito tranqüilo. Logo na  primeira manhã que passavam na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou, atráves da janela, em uma vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido: 


- Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! 


- Está precisando de um sabão novo. Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas! 


O marido observou calado. 


Alguns dias depois, novamente, durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal e a mulher comentou com o marido: 


- Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar as roupas! 


E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal. 


Passado um tempo a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos, e empolgada foi dizer ao marido: 


- Veja, ela aprendeu a lavar as roupas, Será que outra vizinha ensinou??? Porque eu não fiz nada.


O marido calmamente respondeu: 


- Não, hoje eu levantei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela! 


E assim é.Tudo depende da janela, através da qual observamos os fatos. 

domingo, 12 de junho de 2011

Baú dos Caminheiros: Aparência e Substância

"Saudades"

  Baú dos Caminheiros: Marcello Lopes


A aparência chama a atenção,

a substância cativa.

A Aparência delicia o olhar alheio,

a substância deleita nosso espírito.

Nos momentos de escuridão,

a aparência desaparece e a substância clareia a mente.

Nos momentos de felicidade,

a aparência se expõe para a platéia,

a substância aprecia seu real valor.

Na doença,

a aparência fraqueja.

A substância consola e engrandece.

Na velhice,

a aparência enlouquece,

a substância fulgura iluminada.

Na morte,

a aparência sofre,

a substância ilumina e ensina.

Poema : Marcello Lopes


 

O Marcello é um desses poetas que vive o que anuncia. E evidencia isso logo na porta de entrada do seu blog, o Alucinações Amorosas, quando diz que “O poeta é um ser que lambe as palavras e depois se alucina”! Pura verdade! Entretanto, alucinados ficam cada um dos seus leitores ao “sorverem” palavras que não apenas alucinam, mas também emocionam, encantam, permitem descobertas e redescobertas nos olhares aprofundados, lançados para dentro... E penso que poesia tem mesmo essa riqueza de mexer e remexer as entranhas, gritar e fazer silenciar inconfessas buscas... 

 

Gosto, imensamente, de saber as falas semeadas lá no Alucinações Amorosas! Esta, em especial, de pronto já foi guardada em meus arquivos "secretos" (rsrs). Aparência e Substância carrega uma rica metáfora de vida e um convite de profundidade sem igual. 

 

Então, fica aqui o convite para que conheça o Alucinações Amorosas, permita-se ao encanto e alucine-se com tamanha beleza!


quinta-feira, 9 de junho de 2011

Confidências de Amigas!


"Elevador parado", foto de Jeff Belmonte

 
 
Amiga!

Conforme minha promessa, a cada dia enviarei um e-mail contando as novidades da minha primeira semana no Rio de Janeiro, depois de ser transferida pela firma. Terminei hoje de arrumar as coisas no meu novo apartamento. Ficou uma gracinha, mas estou exausta. São dez da noite e já estou pregada. Ao longo da semana irei postando os e-mail's.
 
Segunda-Feira: Cheguei à firma e já adorei. Entrei no elevador quase no mesmo instante que o homem mais lindo desse planeta. Ele é loiro, tem olhos verdes e o corpo musculoso, parece querer arrebentar o terno. Lindooooo!
 
Estou apaixonada. Olhei disfarçadamente a hora no meu relógio de pulso e fiz uma promessa de estar parada defronte ao elevador todos os dias a essa mesma hora. Ele desceu no andar da engenharia.

Conheci o pessoal do setor, todos foram atenciosos comigo. Até o meu chefe foi super delicado. Estou maravilhada com essa cidade.

Cheguei em casa e comi comida enlatada. Amanhã vou a um mercado comprar alguma coisa.
 
Terça-Feira: Amiga! Precisava contar. Sabe aquele homem de quem falei? Ele olhou para mim e sorriu quando entramos no elevador. Fiquei sem ação e baixei a cabeça. Como sou burra! Passei o dia no trabalho pensando que preciso fazer um regime. Olhei-me no espelho hoje de manhã e estou com uma barriguinha indiscreta. Fui ao mercado e só comprei coisinhas leves: biscoitos, legumes e chás. Resolvido! Estou de dieta.
 
Quarta-Feira: Acordei com dor-de-cabeça. Acho que foi a folha de alface ou o biscoito do jantar. Preciso manter-me firme na dieta. Quero emagrecer dois quilos até o fim-de-semana. Ah! O nome dele é Marcelo. Ouvi um amigo dele falando com ele no elevador. E ainda tem mais: ele desmanchou o noivado há dois meses e está sozinho. Consegui sorrir para ele quando entrou no elevador e me cumprimentou. Estou progredindo, né? Como faço para me insinuar sem parecer vulgar? Comprei um vestido dois números menor que o meu. Será a minha meta.
 
Quinta-Feira: O Marcelo me cumprimentou ao entrar no elevador. Seu sorriso iluminou tudo! Ele me perguntou se eu era a arquiteta que viera transferida de Brasília e eu só fiz: 'U-hum'... Ele me perguntou se eu estava gostando do Rio e eu disse: 'U-hum'. Aí ele perguntou se eu já havia estado antes aqui e eu disse: 'U-hum'. Então ele perguntou se eu só sabia falar 'U-hum' e eu respondi: 'Ã-hã'. Será que fui muito evasiva? Será que eu deveria ter falado um pouco mais?

Ai, amiga! Estou tão apaixonada! Estou resolvida! Amanhã vou perguntar se ele não gostaria de me mostrar o Rio de Janeiro no final de semana. Quanto ao resto, bem... ando com muita enxaqueca. Acho que vou quebrar meu regime hoje. Estou fazendo uma sopa de legumes. Espero que não me engorde demais.
 
Sexta-Feira: Amiga! Estou arruinada! Ontem à noite não resisti e me empanturrei. Coloquei bastante batata-doce na sopa, além de couve, repolho e beterraba. Menina, saí de casa que parecia um caminhão de lixo. Como eu peidava! (Nossa! Você não imagina a minha vergonha de contar isto, mas se eu não desabafar, vou me jogar pela janela!).

No metrô, durante o trajeto para o trabalho, bastava um solavanco para eu soltar um “pum” que nem eu mesma suportava. Teve um momento em que alguém dentro do trem gritou: “Aí! Peidar até pode, mas jogar merda em pó dentro do vagão é muita sacanagem!'

Uma senhora gorda foi responsabilizada. Todo mundo olhava para ela, tadinha. Ela ficou vermelha, ficou amarela, e eu aproveitava cada mudança de cor para soltar outro. O meu maior medo era prender e sair um barulhento. Eu estava morta de vergonha.

Desci na estação e parei atrás de uma moça com um bebê no colo, enquanto aguardava minha vez de sair pela roleta. Aproveitei e soltei mais um. O senhor que estava na frente da mulher com o bebê virou-se para ela e disse: “Dona! É melhor a senhora jogar esse bebê fora porque ele está estragado!”.
 
Na entrada do prédio onde trabalho tem uma senhora que vende bolinhos, café, queijo, essas coisas de camelô. Pois eu ia passando e um freguês começou a cheirar um pastel, justo na hora em que o “pum” se espalhou. O sujeito jogou o pastel no lixo e reclamou: “Pó, dona Maria! Esse pastel ta bichado!”
 
Entrei no prédio resolvida a subir os dezesseis degraus pela escada. Meu azar foi que o Marcelo ficou segurando a porta, esperando que eu entrasse. Como não me decidia, ele me puxou pelo braço e apertou o botão do meu andar.
  
Já no terceiro andar ficamos sozinhos. Cheguei a me sentir aliviada, pois assim a viagem terminaria mais rápido. Pensei rápido demais. O elevador deu um solavanco e as luzes se apagaram.

Quase instantaneamente a iluminação de emergência acendeu. Marcelo sorriu (ai, aquele sorriso...) e disse que era a bruxa da sexta-feira.
 Era assim mesmo, logo a luz voltaria, não precisava se preocupar. Mal sabia ele que eu estava mesmo preocupada.
 
Amiga, juro que tentei prender. Mas antes que saísse com estrondo, deixei escapar. Abaixei e fiquei respirando rápido, tentando aspirar o máximo possível, como se estivesse me sentindo mal, com falta de ar.
 
Já se imaginou numa situação dessas? Peidar e ficar tentando aspirar o peido para que o homem mais lindo do mundo não perceba que você peidou?

Ele ficou muito preocupado comigo e, se percebeu o mau cheiro, não o demonstrou. Quando achei que a catinga havia passado, voltei a respirar normal. Disse para ele que eu era claustrófoba. Mal ele me ajudou a levantar, eu não consegui prender o segundo, que saiu ainda pior que o anterior. O coitado dessa vez ficou meio azulado, mas ainda não disse nada.

Abaixei novamente e fiquei respirando rápido de novo, como uma mulher em estado de parto. Dessa vez Marcelo ficou afastado, no canto mais distante de mim no elevador. Na ânsia de disfarçar, fiquei olhando para a sola dos meus sapatos, como se estivesse buscando a origem daquele fedor horroroso.
 
Ele ficou lá, no canto, impávido. Nem bem o cheiro se esvaiu e veio outro. Ele se desesperou e começou a apertar a campainha de emergência. Coitado! Ele esmurrou a porta, gritou, esperneou, e eu lá, na respiração cachorrinho.
 
Quando a catinga dissipou, ele se acalmou. As lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos. Ele me viu chorando, enxugou meus olhos e disse: “Meus olhos também estão ardendo...”   Eu juro que pensei que ele fosse dizer algo bonito.
 
Aquilo me magoou profundamente. Pensei: “Ah, é, FDP? Então acabou a respiração cachorrinho...”

Depois disso, no primeiro ele cobriu o rosto com o paletó. No segundo, enrolou a cabeça. No terceiro, prendeu a respiração, no quarto, ele ficou roxo. No quinto, me sacudiu pelos braços e berrou: 'Mulher! Pára de se cagar!'.

Depois disso ele só chorava. Chorou como um bebê até sermos resgatados, quatro horas depois.
 
Entrei no escritório e pedi minha transferência para outro lugar, de preferência outro País.

Apague este e-mail depois de ler, tá?
 
Sua amiga, Ana.

Uma ótima quinta a todos! 
 

terça-feira, 7 de junho de 2011

Amor Maiúsculo!


Amor não tem idade






Metáfora da Semana




Um homem, bastante idoso, procurou uma Clínica para um curativo em sua mão ferida, dizendo-se muito apressado, porque estava atrasado para um compromisso.

Enquanto o tratava, o jovem médico quis saber o motivo da sua pressa e ele disse que precisava ir a um Asilo de Velhos tomar o café da manhã  com sua mulher, que estava internada lá  há bastante tempo ... 

Sua mulher sofria do “Mal de Alzheimer” em estágio bastante avançado...

Enquanto terminava o curativo, o médico perguntou-lhe se ela não ficaria assustada pelo fato dele estar atrasado. E ele, com serenidade disse:

 - Não!   Ela já não sabe quem eu sou. Há quase cinco anos ela nem me reconhece...

Intrigado o médico lhe pergunta:

- Mas se ela já nem sabe quem o senhor é, porque essa necessidade de estar com ela todas as manhãs?

O velho sorriu, deu uma palmadinha na mão do médico e disse: 

- É verdade... ela não sabe quem eu sou, mas eu sei muito bem QUEM ELA É!

Enquanto o velhinho saía apressado, o jovem médico sorria emocionado e pensava:
“Esta é a qualidade de Amor  que eu gostaria para a minha vida. O Amor não se reduz ao físico, ao romântico ...  O Amor verdadeiro é a aceitação de tudo o que o outro foi... do que será... do que já não é..."


sábado, 4 de junho de 2011

Baú do Caminhar: Precisa-se!


Foto: Estrada Fria, de Bruno Ramalho
 Baú do Caminhar

Precisa-se!

Texto publicado em 24 de junho de 2010.

 

Preciso pedir desculpas por andar tão distante dos blogs. Não tenho visitado e, pior ainda, não tenho retribuído o carinho e a presença de tantos caminheiros... Algumas mudanças, de ordem profissional, estão a tomar-me o tempo, além da corriqueira rotina.

 

E, em tempos de tantas outras atribulações, o texto que hoje republico reflete muito dos passos em curso... Já na próxima semana espero poder retomar as visitas a cada um que ainda passa por aqui... Por enquanto, então, um fraternal abraço!

 




Precisa-se de alguém que ensine a alegria, quando a dor dilacera o espírito. Alguém que mitigue a mágoa e o rancor, porque a perda foi por demais dolorida. Alguém que ensine passos de dança, talvez um bolero, um tango, ou quem sabe um foxtrot, para aliviar os pés metidos na lama do desencontro. Que faça o corpo inquietar-se ao som da música, já que a mesmice paralisa os movimentos.


Precisa-se de alguém que ensine a assobiar músicas antigas, das mais melodiosas ao chorinho bem ligeiro, assim, quem sabe, a voz se erga e não mais retorne ao chão. Alguém que saiba acender fogo atritando paus ou triscando pedras, no meio do nada e no vazio do ser, assim, quem sabe, a alma se aqueça no sopro e no abano e resolva não mais chorar.

Precisa-se, desesperadamente, de alguém que ensine o olhar da lua, majestosa em seu brilho, e assim acalmar a desesperança. Alguém que saiba oferecer o abraço, para impedir que a distância aumente. Alguém que ensine plantar rosas vermelhas, em canteiros de terra em água salobra, assim, quem sabe, o adubo da cumplicidade faça nascer pétalas de ânimo.

Precisa-se, com extremada urgência, de alguém que empreste uma lamparina e assim as sombras da solidão, mirando no filamento de luz, permitam-se à claridade do outro. Alguém que saiba receitas de chás de raízes e que as conheça muito bem, é para evitar que as ervas daninhas se proliferem no coração e acabem sendo servidas com gosto de remédio caseiro.



Precisa-se, irremediavelmente, de alguém que ensine a magia do circo. Que ensine malabares, trapézio, mágica e acrobacias. Quem sabe, assim, seja possível aprender flexibilidade e tolerância. Aprender a generosidade do palhaço, que espalha o riso, para não deixar que jamais morra a criança que ainda se esconde sob lonas carcomidas e cheia de furos.



Precisa-se de alguém que saiba conjugar verbos complexos, que explique com clareza o pretérito imperfeito e o gerúndio. Quem sabe, assim, o futuro do presente se evidencie nas atitudes e elas não mais regridam no tempo em busca de respostas que já se perderam.


Precisa-se de alguém que seja exímio em matemática, para desmistificar a subtração e a divisão que se vestem do pranto e ensinar, então, a soma de fragmentos, ora desconexos, e a multiplicação de valores que não morreram, só esmoreceram.




Precisa-se de alguém que saiba consertar molduras e ensine como restaurar o quadro que reflete a história de vida. Ensine a pincelar ranhuras expostas, a colorir com vivas cores o cinza dos percalços. Quem sabe, assim, se aprenda a olhar prá dentro de si mesmo, admirar o desenho das conquistas e constatar que outras interpretações ainda são possíveis.



Precisa-se de alguém que ensine exercícios de respiração, para que o abdômem perceba-se importante e o diafragma apague a sofreguidão da agonia. Talvez, assim, sejam soprados, para muito longe, a tristeza nos olhos, o silêncio no coração e a solidão das palavras.



Precisa-se, mais que nunca, de alguém que saiba implodir prédio humano, derrubar paredes de ódio e desmanchar telhados de covardia. Alguém que saiba ao menos esboçar projetos. Assim, quem sabe, ainda restará um fio de esperança na reconstrução de um novo sujeito, com paredes solidárias e apaziguadas, cobertas por telhas de lealdade.



Precisa-se de alguém que não seja míope: é para ajudar a encontrar os óculos da verdade, perdidos nos descaminhos da frustração.



Precisa-se, desesperadamente, de uma "vuvuzela" que faça dispersar os pesadelos, vibrar com o time dos sonhos e acordar, definitivamente, para si mesmo. Reconhecer-se errante, mas amparado em todas e cada uma das necessidades gritadas.


Precisa-se, sem pressa alguma, com toda paciência, de um beijo demorado, de um sorriso balbuciando frases desconexas, de um abraço ofegante e de olhos que fazem suspirar a paixão.





Precisa-se...






Créditos das fotos:
1- Tango: Isabel Silva
 2- Lua: Hermínio
3- Palhaço: José Neves
4- Pintura: João Vasco
5- Implosão: Paulo Liebert
6- Vuvuzela: Darko Vojinovic
6- Beijo: Gutobp