sábado, 31 de maio de 2014

Reclames da Educação


Meus Rabiscos





O educador, comprometido com seu sonho, em nome de um projeto existencial coletivo, tem cada vez mais aflorada e sensibilizada sua visão prospectiva de mudanças... Educação! Eis aí o grande desafio! Subjugada que sempre foi e clamando por luzes oniscientes, brotadas das mais sérias e compromissadas estirpes de educadores...


Educação que reclama passos firmes e mãos dadas num caminho aberto ao infinito da esperança. Que reclama a presença da verdade, o predomínio da prática-vida e a abominação do discurso vazio. Ela reclama o sonho todos os dias sonhado num banco de escola: o sonho de se fazer presença-guia num cotidiano de exclusões sociais. A educação reclama ética!


Reclama o libertar das amarras covardes de ideologias escusas e a abolição da subserviência. Reclama do holocausto a que os mais distantes rincões são submetidos: por onipotência, por omissão, por ingenuidade. A educação reclama a mais explícita vontade política!


Reclama ouvidos aguçados, para os gritos sufocados, lânguidos, que se repetem como ecos e se perdem pelos vales sem sol. A educação reclama lucidez!


Reclama a coletividade para o sensibilizar, para o auscultar, para o planejar e para o construir. Reclama a fertilização do chão em que se pisa, onde tantas vezes se erguem estátuas ao tempo, abrigo de iletrados e de onde se levantam monumentos que não se explicam e nem se justificam, mas que reluzem aos olhos dos hipócritas e incoerentes. A educação reclama o desvelar da mentira onipresente!


Reclama um chinelo para os pés descalços, para os dedos já feridos por tantos tropeços, para que as pegadas sejam demarcadas no tempo e não se percam no horizonte que a humanidade faz descortinar. Reclama coragem, a falta de medo, o repúdio à covardia, para que o homem deixe de fingir o que sabe e abra-se ao saber do outro. Reclama o fim da dicotomia ostensiva e incongruente. A educação reclama pesquisa!


Reclama a aula “arco-íris”, que se curva ludicamente na sua volta ao abrigo onde nasceu, que encanta, que alegra, que motiva, que se torna um “escorregador” por onde a aprendizagem brinca e se diverte livremente. A educação reclama a criatividade!


Reclama corpo e alma se entregando às descobertas das próprias limitações e capacidades. Reclama a sede ardente do dualismo na educação-miragem hoje vigente. Reclama a sensatez: para a humildade, para o aprender, para o permitir-se, para o aceitar, para  o questionar e para o fazer... Sim... Para o fazer!


Reclama o que podemos dar: a disponibilidade de ser. Ser útil, ser disseminador do saber, ser aglutinador de encaminhamentos e profícuo articulador de propostas condizentes. A educação reclama a nossa parceria! E ela só quer o nosso pensar crítico convertido em um fazer responsável!


Está feito o convite!






Publicado originalmente em 10 de maio de 2010

terça-feira, 27 de maio de 2014

História de Amizade

Metáfora




Numa aldeia vietnamita,  um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio. Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre elas,  uma menina de oito anos,  considerada em pior estado.



Era necessário chamar ajuda por um rádio e,  ao fim de algum tempo,  um médico e uma enfermeira da Marinha dos EUA chegaram ao local. Teriam que agir rapidamente,senão a menina morreria,  devido aos traumatismos e à perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão,  mas como?



Reuniram as crianças e,  entre gesticulações,  arranhadas no idioma,  tentavam explicar o que estava acontecendo e que precisariam de um voluntário para doar o sangue.



Depois de um silêncio sepulcral,  viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente. Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado às pressas,  ao lado da menina agonizante,  e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho e com o olhar fixo no teto.



Passado algum momento,  ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre. O médico lhe perguntou se estava doendo,  e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo,  contendo as lágrimas. O médico ficou preocupado e voltou a lhe perguntar,  e novamente ele negou. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso,  mas ininterrupto.



Era evidente que alguma coisa estava errada. Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia. O médico pediu então que ela procurasse saber o que estava acontecendo com Heng. Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e explicando algumas coisas. E o rostinho do menino foi se aliviando. Minutos depois ele estava novamente tranquilo.



 A enfermeira então explicou aos americanos:





  Ele pensou que ia morrer,  não tinha entendido o que vocês disseram e estava achando que ia dar todo o seu sangue para a menina não morrer.



O médico aproximou-se dele e,  com a ajuda da enfermeira ·perguntou:





  Mas,  se era assim,  porque então que você se ofereceu a doar seu sangue?



E o menino respondeu,  simplesmente:





  ELA É MINHA AMIGA...