sexta-feira, 30 de março de 2012

Uma grande lição aprendida!

inesquecíveis! Três mulheres de firmes propósitos e ideais (Profª Maria Inês Brito, Tenente Lucimar e Cabo Coimbras)!

Gosto muito de ler o Cortella (Mário Sérgio Cortella)! O filósofo e educador sabe construir ótimas provocações reflexivas. Numa dessas falas ele discute a nostalgia e a saudade, fazendo crer que a nostalgia é a dor da volta, a dor daquilo que já se foi e continua doendo. Ele explica que um determinado médico alemão pegou duas palavras gregas antigas e as uniu: “nostros”, que significa volta, e “algo”, que remete à dor. Tudo isso porque, lá no século XIX, era muito  comum amputar algum membro do corpo, quando gravemente ferido e, tal como hoje, ocorrem relatos de pessoas que continuam sentido desconforto, coceira ou dor no membro que não existe mais. Assim,  ele afirma que o nostálgico amarga e faz sofrer, enquanto que a saudade faz alegrar, pois deixa fruir aquilo que se viveu. Nostalgia é melancolia, armadilha, âncora e saudade é a experiência da mudança,  alegria, raíz. Mas, afinal, por que um preâmbulo tão longo?  É que  hoje, revirando papéis velhos e limpando pastas antigas, deparei-me com uma singela mensagem que recebi de policiais/educadores do 8º Batalhão da Polícia Militar de Ceilândia, onde desenvolvíamos, em parceira, um magnífico projeto de alfabetização de adultos, conduzido pela professora Maria Inês Brito, uma educadora de referência ímpar. Assim, relembrando Cortella, nostalgia e saudade se misturaram, prontamente.

À ocasião, recebi da Tenente Lucimar e da Cabo Coimbras, em nome do Batalhão, uma das mais simples mensagens, mas talvez a de maior significado em minha trajetória educacional. Era um simples canudo de papel, contendo os dizeres  com alguns presentes agregados: uma borracha, um clipe, uma liguinha, uma vela, um bombom, uma semente e um lápis.  E eu, ainda sem compreender, fui aos poucos, em vão,  tentando  engolir a emoção e dispersar as teimosas lágrimas. Quando constatei então que as lágrimas eram coletivizadas na verdade dos propósitos partilhados, e que já não eram exclusivamente minhas, mas mutuamente pertencidas, então já não era mais possível me esquivar... Viver aquela mútua pertença foi, sem dúvida alguma, uma das mais significativas aulas que tive. Um aprendizado único e, por isso mesmo inesquecível. E, por isso, significa saudade pela mudança que provocou, mas também nostalgia, pela riqueza do projeto, em pouco tempo descontinuado.
Vale então a mensagem fielmente guardada!


"Gilmar, o mestre Amigo.

Obrigada por você ter feito parte da nossa equipe, ter nos apoiado com tanta dedicação. Queremos entregar-lhe essa lembrança, com uma mensagem diferente.

BORRACHA: para você se lembrar de apagar as tristezas, as indiferenças e as injustiças cometidas muitas vezes por aqueles que, não conhecendo sua grandeza, não entenderam suas limitações.

CLIPE: use para lembrar da importância de unir, juntar pessoas, pensamentos e situações, com muita sabedoria, assim como você fez muitas vezes no exercício da  sua função como líder.

LIGUINHA: é sempre bom lembrar a importância da flexibilidade perante constantes mudanças da vida. Nisso também você foi exemplo, um verdadeiro artista contorcionista resolvendo tudo com um jeitinho todo Especial.

VELA: deve ser usada para lembrar de nossa luz interior e de colocar clareza em nossas ações. Mateus (5:16), diz assim:  “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai que está no céu”. Você fez a diferença porque a sua luz interior demonstrou um grande brilho em nossa comunidade de Ceilândia.

BOMBOM: para dar sabor especial ao seu dia a dia, onde quer que você esteja, em qualquer momento de sua vida, que haja doçura.

SEMENTE: Nunca se esqueça da sementinha que você plantou no “Educs”, motivando-nos enquanto profissionais, nos ensinou com gestos simples a compartilhar mais e semear amor.

LÁPIS: representa um instrumento que você utilizou para deixar registrado um pouco da sua história em nossas vidas, como exemplos que ficarão para sempre, marcados em nossas lembranças, para que possamos continuar nosso trabalho seguindo o seu exemplo de amor ao próximo e solidariedade.

Que Deus te abençoe abundantemente. Nunca se esqueça de nós, pois jamais nos esqueceremos de você.
Um forte abraço da equipe 'Educs' - 8º Batalháo de Ceilândia.

Ceilândia, 17 de agosto de 2007"