sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Cornos generosos



Humor

1- Mineirinho envergonhado

O amigo chega pro Carzeduardo e fala:

—Carzeduardo, sua muié tá te traino co Arcide.

— Magina!! Ela num trai eu não. Cê tá inganado, sô.

— Carzeduardo! Toda veiz qui ocê sai pra trabaiá, o Arcide vai pra sua casa e prega ferro nela.

— Duvido! Ele não teria corage....

— Mais teve! Pode confiri..

Indignado com o que o amigo diz, o “Carzeduardo” finge que sai de casa, se esconde dentro do guarda-roupas e fica olhando pela fresta da porta.

Logo vê sua mulher levando o “Arcide” para dentro do quarto para começar a sacanagem.  Mais tarde, ele encontra com o amigo, que lhe pergunta o que houve.
E então, o Carzeduardo relata cabisbaixo:

— Foi terrive di vê!!!... ele jogou ela na cama, tirou a brusa.... e os peito caiu.....tirou a carcinha....e a barriga e a bunda dispencaro...... tirou as meia...e apariceu aquelas varizaiada toda, as perna tudo cabiluda. E eu dentro do guarda roupa, cas mãos no rosto, pensava: “Ai...qui vergonha que tô do Arcide!!!”


2- A estátua

Uma mulher está na cama com o amante quando ouve o marido chegar. 

 — Depressa, fique de pé ali no canto. 

Rapidamente ela cobre o corpo do amante com óleo e talco:  

—Não se mexa até eu falar. Finge que é uma estátua. Ouvi dizer que tem uma igualzinha na casa dos Almeida! 

Nisso,  o marido entra e pergunta:  

—Que é isto? 

Ela,  fingindo naturalidade:  

—Isso? Ah,  só uma estátua. Os Almeida botaram uma no quarto deles...Gostei
tanto da ideia que comprei uma igual para nós. 

E não falaram mais da estátua. 

Às duas da madrugada,  a mulher já está dormindo e o marido ainda vendo televisão. O marido se levanta,  caminha até a cozinha,  prepara um sanduíche,  enche um copo de cerveja e vai para o quarto. Ele se dirige para a estátua e diz:  

— Toma,  come e bebe alguma coisa. Eu fiquei dois dias que nem um idiota no quarto dos Almeida e nem um copo de água me ofereceram.





sábado, 23 de janeiro de 2016

Ousadia



Outros Autores

A moça ia no ônibus muito contente desta vida, mas, ao saltar, a contrariedade se anunciou:
— A sua passagem está paga — disse o motorista.
— Paga por quem? 
— Esse cavalheiro aí.
E apontou um mulato bem vestido que acabara de deixar o ônibus, e aguardava com um sorriso junto à calçada.
— É algum engano, não conheço esse homem. Faça o favor de receber.
— Mas já está paga.
— Faça o favor de receber! — insistiu ela, estendendo o dinheiro e falando bem alto para que o homem ouvisse: — Já disse que  não conheço! Sujeito atrevido, ainda fica ali me esperando, o senhor não está vendo? Vamos, faço questão que o senhor receba minha passagem.
O motorista ergueu os ombros e acabou recebendo: melhor para ele, ganhava duas vezes.
A moça saltou do ônibus e passou fuzilando de indignação pelo homem.
Foi seguindo pela rua, sem olhar para ele.
Se olhasse, veria que ele a seguia, meio ressabiado, a alguns passos.
Somente quando dobrou à direita para entrar no edifício onde morava, arriscou uma espiada: lá vinha ele! Correu para o apartamento, que era no térreo, pôs-se a bater, aflita:
— Abre! Abre aí!
 A empregada veio abrir e ela irrompeu pela sala, contando aos pais atônitos, em termos confusos, a sua aventura.
   Descarado, como é que tem coragem? Me seguiu até aqui!
De súbito, ao voltar-se, viu pela porta aberta que o homem ainda estava lá fora, no saguão. Protegida pela presença dos pais, ousou enfrentá-lo:
 — Olha ele ali! É ele, venham ver! Ainda está ali, o sem-vergonha. Mas que ousadia!
Todos se precipitaram para a porta. A empregada levou as mãos à cabeça:
— Mas a senhora, como é que pode! É o Marcelo!
— Marcelo? Que Marcelo? — a moça se voltou, surpreendida.
— Marcelo, o meu noivo. A senhora conhece ele, foi quem pintou o apartamento.
A moça só faltou morrer de vergonha:
— É mesmo, é o Marcelo! Como é que eu não reconheci! Você me desculpe, Marcelo, por favor.
No saguão, Marcelo torcia as mãos, encabulado:
— A senhora é que me desculpe, foi muita ousadia...

Fernando Sabino. Ousadia, in "A Mulher do Vizinho". Editora Sabiá. Rio de Janeiro, 6ª ed., pp.160-161.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Contramão

Foto: "Em contramão", de Francisco Araújo
Hoje resgato um texto bem antigo.  Quando cursava Pedagogia, editava um "jornalzinho" mensal, o "Pirracinha", que era uma forma de brincar com a turma e costurar amizades. Vez por outra também resolvia "desabafar" os traumas acadêmicos ou as incongruências vivenciadas, como é o caso em questão. Embora o texto tenha tais conotações, ele permite extrapolações, basta que em lugar da "faculdade" se escolha outros lugares ou outras possibilidades: emprego qualquer, ambiente qualquer, profissão qualquer, etc. Assim outras reflexões serão permitidas.


Inicie sua vida acadêmica numa instituição qualquer, fazendo um curso qualquer. Não importa o sonho! Procure o que parecer mais fácil, se houver. Ignore totalmente os desejos, ideais e convicções, isso só complica. Pague caro, estude pouco, aproveite o mínimo possível. Não beba nunca de qualquer “saber” que lhe for oferecido. Pode estar contaminado. Recuse, se for fácil. Depois espalhe por aí que o ensino é de péssima qualidade. Narre com riqueza de detalhes o rigor, a ausência de comprometimento, o exacerbado "mandonismo" a que foi submetido. Mas... faça isso com cuidado, para não parecer aos olhos dos outros que é falta de bom senso. Não polemize. Apenas relate o que sua "imaginação" permite  ver.
 

Procure nunca demonstrar que o seu conhecimento sofreu alterações e reconstruções, que algo se aprendeu.  É que, na verdade, ninguém precisa mesmo saber disso. Procure falar somente das grotescas falhas e erros, como se elas nunca pudessem ser corrigidos, como se nada reclamasse cooperação. 

Demonstre coragem para falar de peito aberto, grite o mais alto que puder, contra o poder que você enxerga, contra o autoritarismo que você sente na pele, contra o sistema que lhe é imposto,  contra tudo e contra todos. Não olhe nunca para dentro de si mesmo, é perigoso demais. Há monstros e fantasmas soltos no tempo, loucos para se libertarem. Não escute a voz da razão, ela fere muito, às vezes, e nem sempre é compreendida. Não ouse participar de nada, não dê a menor colaboração, você pode passar por puxa-saco e isso seria horrível para a sua reputação, afinal,  não há porque "pagar mico". 

Rebata, com veemência, todas as críticas, pois você tem sempre razão, o outro  é apenas o outro. Rebata sempre, senão poderão pensar que é a sua incompetência que se expõe. 

Critique o professor,  ele é a extensão do sistema. Diga que ele  é fraco e despreparado, que não passa de um classificador de estigmas sociais. Entretanto,  faça isso só no cochicho, de forma velada, senão ele o perseguirá. Não dialogue. Jamais permita qualquer mediação. Nunca olhe no olho, é difícil dizer verdades olhando no olho. Ouvir então, é bem pior. 

Em todo e qualquer ambiente que frequentar, diga sempre o quanto é ruim o lugar onde você estuda e o quanto você paga. É claro que você não vai passar nenhuma ideia de masoquismo ou coisa parecida, é só para perceberem que, para você, dinheiro não tem tanta importância assim. Afinal, educação só vale a pena ser discutida quando se tratar de despesas, reclamações, gastos, preços, poder — nunca  como investimento. Nunca... 

Faça de cada prova ou exercício uma corrida desenfreada pela nota, reforce essa ideia sempre que puder, afinal, ao final o que interessa é o diploma, um canudo de papel. A sua competência é bem maior do que isso. Mas... será que todos sabem disso? Será que a sua fala permite a mágica da compreensão ao contrário, ao avesso? E suas ações? São perfeitas, num profissional perfeito? Isso é o que se pode afirmar? 

Faça sim, tudo isso e sem parar para pensar, muito menos permitir-se à reflexão. Seria um grande erro. A imbecilidade precisa resistir à transformação da humanidade. Quem sabe não seja você o  porta-voz  dessa moderna e maníaca tendência idiossincrática? Espalhe tudo isso! 

Depois se regozije ao receber um título honorário de imbecil. Ninguém ousará discutir o seu merecimento. 

Mais tarde, não se arrependa  de ser hostilizado, pois no mundo lá fora, ninguém goza de tamanha   e “palerma” benevolência a ponto de lhe conceder espaço,  oportunidade e emprego, só para mostrar que você é uma exceção; que você é muito... muito diferente. 

Fale mal, distorça verdades, abomine o nome da instituição, ridicularize o máximo que puder. Depois não se iluda quando o fulminarem com olhares "estranhos",  pois em verdade estarão vendo o que você falou,  encarnado na sua própria essência e no seu fazer. 

Só você não percebeu ainda que "Escola" não é fábrica de profissionais robotizados, é apenas um lugar onde se aprende, onde uma porta se abre ao infinito. E lá fora não existem muletas e nem escoras, é só você e o mundo; é só você e seu caminho. O compromisso com seu sucesso só dependerá de você, do seu esforço, do seu fazer,  do seu aprender  e de ninguém mais. 

Caso contrário, abra a porta e deixe a vida passar em frente... Acomode-se no tempo e submeta-se ao jugo da realidade  que se lhe apresentar. Afinal, a sua melhor recompensa é tão somente ser sombra, que nunca brilha ou aparece. É ser presença ofuscada, pedinte da boa vontade e da  capacidade do outro, que agora já é alguém.
 

Então sorria. É seu destino: sorrir a máscara da vergonha.
Publicado originalmente em fevereiro de 1997 - Pirracinha nº 14

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Metáfora do Lápis

Metáfora


Hoje, por alguma razão que desconheço, deparei-me com um discurso que fiz numa formatura, quando ainda dirigia uma faculdade. Rememorar... Permitir que outro mundo desfile, uma vez mais, em lembranças impregnadas de carinho e, porque não, também de saudades das pessoas com as quais se compartilha uma grande caminhada.

Nesse texto, como sempre eu fazia ao final da fala, há uma metáfora simples, mas contundentemente significativa naquele contexto específico. Eis a metáfora:

O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:
— Vovó! A senhora está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E, por acaso, é uma história sobre este seu neto?
A avó parou de escrever a carta, sorriu e comentou com o netinho:
— Estou escrevendo sobre você, é bem verdade, entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse.
O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.
— Mas ele é igual a todos os outros lápis que vi em minha vida!
A avó, pacientemente, então explicou:
— Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, fará de você sempre uma pessoa em paz com o mundo...
Primeira Qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à sua vontade.
Segunda Qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo e usar um apontador. Isso faz com o lápis sofra um pouco, mas no final, ele estará mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor.
Terceira Qualidade: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho do bem e da justiça.
Quarta Qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.
— Finalmente, a Quinta Qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida, irá deixar traços. Portanto, procure ser consciente e grandioso em cada ação realizada.

Pois é... uma metáfora simples, mas que instiga! Propicia a reflexão e convida a não temer a prática revisionista, afinal, mudança é antes de tudo um ato de bravura. Por vezes é preciso saber usar a borracha... não alimentar a dor.

E a alma, feito o grafite, precisa sobreviver às intempéries, principalmente com atitudes de humildade e lealdade. Feito isso, certamente seremos incansáveis na arte de lançar traços por onde a estrada nos levar e, ao longo do tempo, uma aquarela multicores espelhará o ser que nunca se cansa de aprender: haverá sempre um traço novo a ser realizado!

É um convite!

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Precipitações na Comunicação



Crianças, de Cristiano Borges

Humor
Olha a confusão que uma conclusão precipitada pode causar. Em um determinado país foi criado um programa de incentivo à natalidade, pois o número de habitantes estava caindo e a  proporção de idosos crescia assustadoramente.

Necessitando de mão de obra, o governo decretou uma lei que  obrigava  os casais a terem um certo número de filhos. Previa também uma  tolerância  de  cinco  anos após o casamento, findo os quais, o casal deveria  ter  pelo menos um pimpolho.

Aos casais que no fim do prazo não conseguissem  ter  um filho, o governo destacaria um agente auxiliar para que a criança fosse gerada. 

Neste cenário se deu o seguinte diálogo entre um casal:

MULHER: Querido, completamos hoje 5 anos de casamento!
MARIDO: É... Querida,  e infelizmente não tivemos um filho sequer.
MULHER: Será que eles vão mandar o tal agente?
MARIDO: Não sei... Talvez mandem.
MULHER: E se ele vier?
MARIDO: Bem, eu não posso fazer nada.
MULHER: E eu, menos ainda...
MARIDO: Vou sair, já estou atrasado para o trabalho.

Logo após a saída do MARIDO, bateram à porta: TOC, TOC, TOC!!!! A  mulher  abriu   encontrou  um  homem  de  boa  aparência  à  espera. Tratava-se  de  um  fotógrafo  que  saiu  para atender um chamado de uma família  que  queria fotografar sua criança recém-nascida, mas que por um engano, errara o endereço procurado.

E o seguinte diálogo se seguiu:

HOMEM: Bom dia! Eu sou...
MULHER: Ah, já sei! Pode entrar.
HOMEM: Obrigado. Seu esposo está em casa?
MULHER: Não. Ele foi trabalhar.
HOMEM: Presumo que esteja a par da minha vinda aqui?!...
MULHER: Sim, o meu marido também já está sabendo de tudo. E, eu concordo.
HOMEM: Ótimo. Então vamos começar.
MULHER: Mas já? Tão rápido...
HOMEM: Preciso ser breve, pois tenho ainda 16 casas para visitar, ainda hoje.
MULHER: Minha nossa! O senhor aguenta?
HOMEM: O segredo é que eu gosto do meu trabalho, me dá muito prazer!
MULHER: Então vamos começar. Como faremos e onde você prefere?
HOMEM: Permita-me sugerir: Uma no quarto, duas no tapete, duas no sofá e uma em pé ao lado da mesinha do telefone.
MULHER: Serão necessárias tantas?
HOMEM: Bem, talvez possamos acertar na mosca já na primeira tentativa.
MULHER: O senhor já visitou alguma casa neste bairro?
HOMEM: Não, mas tenho comigo uma variedade de amostras do meu trabalho e... (mostrou algumas fotos de crianças). Não são lindas??
MULHER: Como são belos estes bebês! Foi o senhor mesmo quem fez?
HOMEM: Sim. Veja esta aqui, por  exemplo, foi conseguida na porta do supermercado.
MULHER: Que horror! O senhor não acha muito público?
HOMEM: Sim, mas a mãe queria muita publicidade.
MULHER: Eu não teria coragem!!!
HOMEM: Esta aqui foi em cima do ônibus.
MULHER: Cacilda!!!
HOMEM: Foi um dos serviços mais difíceis que já fiz.
MULHER: Claro, eu imagino!
HOMEM: Esta foi feita no inverno, em um parque de Diversões.
MULHER: Credo! Como o senhor conseguiu? Não sentiu frio?
HOMEM:  Não  foi  fácil!  Como  se  não bastasse a neve caindo, tinha uma multidão em volta. Quase não consegui acabar.
MULHER: Ainda bem que sou discreta e não quero ninguém nos olhando.
HOMEM: Ótimo, eu também prefiro assim. Agora, se me der licença, eu preciso armar o tripé.
MULHER: Tripé?!!!
HOMEM: Sim madame, pois o negócio, além de pesado, depois de armado mede quase um metro.
A mulher desmaiou...