quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Os Dez Mandamentos dos Pais

Outros Autores

Em 1959, o "Almanaque Goulart" publicou, em sua página 11, os 10 mandamentos dos pais. Se naquela época  já havia uma singular importância, imagina hoje, nesse tempo de ausência de valores humanos... Eis o texto publicado, na íntegra:

Eis os "dez mandamentos dos pais" afixados numa loja de Oxford, Inglaterra:

1) Amarás teu filho com todas as forças de teu coração, mas usando sabiamente a cabeça.

2) Não pensarás em teu filho como algo que te pertença, mas como uma pessoa.

3) Considerarás seu respeito e amor não como algo a ser exigido, mas como algo que vale a pena ganhar.

4) Sempre que perderes a paciência com a imaturidade e os disparates do teu filho, pensa nas tolices e nos erros que praticaste na idade dele.

5) Lembra-te ser privilégio de seu filho fazer de ti um herói e considerar tuas ideias corretas.

6) Lembra-te também que teu exemplo é mais eloquente que as recriminações e as lições de moral.

7)Lutarás para ser um letreiro na estrada da vida e não uma vala na qual a roda se imobiliza.

8) Ensinarás teu filho a manter-se por si e a travar suas próprias batalhas.

9) Ensinarás a ver a beleza, a praticar a bondade, a amar a verdade e a viver em clima de amizade.


10) Farás do lugar que habitas um verdadeiro lar, um céu de felicidade para ti próprio, para teus filhos, para teus amigos e para os amigos de teus filhos.

Almanaque Goulart - janeiro - 1959

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Adversidades

Meus Rabiscos



"As adversidades não tornam os homens nem melhores nem piores. 
Apenas revelam-nos como são"(autor desconhecido).


Adversidade: s.f.l. Desgraça, infortúnio. 2.
Contrariedde. 3. Qualidade ou caráter de adverso.

Adverso: adj.1.Contrário, desfavorável, inimigo, oposto.
2.Que traz desgraça,infelicidade.

A sinonimia explicita que cada um de nós está propenso às adversidades cotidianas, sejam elas de intensidade ínfima ou monstruosa. Basta viver e relacionar-se para que o revés, a sorte adversa, o infortúnio ou a infelicidade inaugurem dores, feridas de difícil cicatrização, ausência de paz no coração e alguns vazios lancinantes, que só se preenchem num renascer de extremado embate com os próprios limites.

É fácil e inodoro estabelecer constructos acerca da adversidade, "decifrá-la em letras" até, o difícil é suportar o hálito asqueroso da dor lambendo a face; o difícil é tolerar o ardor dos olhos que desaprendem a secar lágrimas; o difícil é conter os pulos do coração que dispara rumo à garganta, tentando fugir do peito, tamanho o desamparo; difícil é respirar no inóspito lugar de ar rarefeito, onde até o chão parece dissipar-se; difícil é resistir, animar o próximo passo, fazer mover pernas e braços, quando tudo ao redor, num pavor desconhecido, mais se assemelha a areia movediça, contrariando todos os movimentos. Difícil é não perder-se de si mesmo.

Adversidade é a pedra no meio do caminho, da qual insistentemente falou Drummond. E se os olhos mirarem apenas a pedra, temendo a dor do choque, então o caminho passa a ser esquecido e o horizonte se perderá no tempo nublado, sujeito a raios e trovões.

A consciência não pode desfalecer. É preciso mantê-la pulsante, de sorte a não esmorecer as utopias de vida, não minar crenças e nem usurpar valores humanos norteadores dos propósitos trazidos na caminhada. E aqui resgato Horácio, quando anuncia que "a adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas". E é dessa capacidade de suplantar os próprios limites que falo. A adversidade pode impulsionar o nosso refazimento, posto que, ela é o escancaramento do nosso inacabamento.

Tempo então de resiliência! Resiliência enquanto capacidade de resistir às condições desfavoráveis no enfrentamento da adversidade, mantendo integralmente a essência humana. Um dos exemplos mais contundentes de que a essência humana pode soprepor-se e nortear a sobrevida foi o difícil embate vivido pelos 33 mineiros chilenos, da mina San José. A esperança foi servida a cada instante de escuridão e a consciência de vida se manteve ativa.

A adversidade não pode ocasionar os processos internos, equivocadamente defensivos, de vitimização, onde cada um se revela incapaz de suplantar os próprios dissabores, numa desesperadora tentativa de justificar as debilidades. A esperança, assim, passa a ser comparada a um mero bilhete de loteria, já corrido e que nada mais vale.

Resistir de forma resiliente significa construir a própria capacidade de absorção das intempéries mudanças; de agir na transformação de tais mudanças, convertendo-as em oportunidades de melhoria; significa exercer, sistematicamente, o aprendizado na ambiguidade dos desencontros. Significa ousar escolhas sem abrir mão de si mesmo, não perder-se de si, não abdicar-se de si mesmo. Não abrir mão de protagonizar o próprio refazimento.

Significa ainda extirpar, para bem longe, qualquer possibilidade de aproximação da "Síndrome de Burnolt", onde as apatias pessoal, emocional e espiritual ocasionam o desânimo de continuar os passos, fazendo o horizonte se perder no negrume da ausência de sonhos e vontades.

Romper a casca! Não sufocar-se, sobretudo porque a vida, uma outra vida, num renascimento mágico até, começará lá fora, longe do revés.

Retomo então dois trechos de uma outra postagem que fiz (Resiliências), onde disse que nessa imersão profunda para dentro de si mesmo, acende-se um novo desafio, que é o enfrentamento do problema maior que a competência. E já se tem a clara consciência de que é permitido e é preciso aumentar a própria competência para que o enfrentamento enfraqueça as causas e alcance êxito na solução.
As adversidades já não fazem surtar a “alma”. Aprende-se, ante extremismos de escolhas, a reconstruir-se, a refazer-se por conta das deformações impostas.


Para ilustrar, há uma boa metáfora sobre a adversidade:

A filha queixa-se à mãe sobre sua vida e como as coisas estão difíceis, tanto que já não sabia mais o que fazer e queria desistir. Estava cansada de lutar e combater, pois sempre que um problema se resolvia, um outro surgia.

A mãe, paciente e sábia, levou-a até a cozinha. Encheu três panelas com água e colocou cada uma delas em fogo alto. Logo a água começou a ferver nas panelas. Em uma delas colocou cenouras. Em outra, ovos e, na última, pó de café. Deixou que tudo fervesse, sem dizer uma palavra. A filha deu um suspiro de incompreensão, mas esperou impacientemente, imaginando o que estaria fazendo ali.
Minutos depois, a mãe desligou o fogo. Pegou as cenouras, os ovos e o café e colocou-os em recipientes separados. Virou-se para a filha e perguntou:
- Minha filha, o que você está vendo aqui?
- Cenoura, ovos e café, minha mãe!
A mãe traz então a filha para mais perto e pede para que experimente as cenouras. A filha o faz e constata o quanto estão macias. Depois a mãe pede que pegue um ovo e o quebre. A filha obedeceu e, depois de retirar a casca, verifica que o ovo endurecera com a fervura. Finalmente a mãe lhe pede que tome um gole de café. A filha, sorrindo, sentindo o aroma delicioso, toma um gole e pergunta:
- O que significa tudo isso, mãe?
A mãe responde:
- Cada um destes, a cenoura, o ovo e o café, enfrentou a mesma adversidade: a água fervendo. Entretanto, cada um reagiu de forma diferente. A cenoura, que antes era crua e rígida, amoleceu e se tornou frágil. Os ovos, que eram frágeis, mesmo com sua casca protegendo o líquido interior, tornaram-se firmes e mais resistentes, duros até. Já o pó de café é incomparável! Depois que o coloquei na água fervente, ele mudou a própria água.

Depois de um profundo silêncio e troca de olhares, a mãe prosseguiu:

- Qual deles é você? Quando a adversidade bate à sua porta, como você responde? você é a cenoura, o ovo ou o pó de café? Você é como a cenoura, parecendo firme e forte, mas com a dor e a adversidade murcha e se torna frágil, perdendo sua força? Será que você é como o ovo, começando maleável, mas depois de sofrer alguma pressão da vida, torna-se dura? Sua casca até parece a mesma, mas por dentro, você está dura! Ou será que você é como o pó de café? Você transforma o meio que a aflige, altera o que está trazendo a dor e oferece algo melhor e mais saboroso do que havia antes da adversidade?

Nada mais foi dito. Bastou o abraço entre mãe e filha!


Imagem: desconheço os direitos autorais. 
Ela foi scaneada de um quadro encontrado "num armário de escola", sem maiores informações.
Se alguém souber a origem, por favor, me comunique! 
Gostaria muito de dar créditos ao autor ou autora, pela relevância e significado da obra.
Publicado originalmente em 20 de novembro de 2010

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Sempre foi assim...

Metáfora
Macacos



Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada e sobre ela um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, jogavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir na escada os outros o pegavam e enchiam-no de pancada. Com mais um tempo, nenhum macaco subia mais na escada, apesar da tentação das bananas.


Então, substituíram um dos macacos por um  novo. A primeira coisa que ele fez foi subir na escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais na escada. Um segundo foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra do novato.


Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu.


Um quarto, e, afinal, o último dos veteranos, foi substituído.


Os cientistas então ficaram com um grupo de macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. Se possível fosse perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada com certeza a resposta seria:


Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui.

domingo, 13 de setembro de 2015

A lógica dos Amantes

Humor

Consciência pesada é um problema sério! Veja só o cuidado que é preciso ter!

Um casal estava dormindo profundamente como inocentes bebês. De repente, lá pelas três horas da manhã, escutam ruídos fora do quarto.

A mulher sobressalta-se e apavorada sussurra para o homem que dorme a seu lado:

- Aaaaaiiiiiii, deve ser o meu marido!!!

O cara se levanta rapidamente e ensandecido pula pelado pela janela e cai em cima de uma planta com espinhos.  Em poucos segundos, todo machucado, ele volta irritado e diz à mulher:

- Sua louca... teu marido sou eu!!!

- É ?!?!? E pulou a janela por quê?



segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Desejo a você...

Outros Autores


Fruto do mato, cheiro de jardim, namoro no portão, domingo sem chuva, segunda sem mau humor, sábado com seu amor, filme do Carlitos, chope com amigos, crônica de Rubem Braga, viver sem inimigos, filme antigo na TV, ter uma pessoa especial e que ela goste de você.

Música de Tom com letra de Chico, frango caipira em pensão do interior, ouvir uma palavra amável, ter uma surpresa agradável, ver a banda passar.

Noite de lua cheia, rever uma velha amizade, ter fé em Deus... Não ter que ouvir a palavra não nem nunca, nem jamais e adeus.

Rir como criança, ouvir canto de passarinho, sarar de resfriado, escrever um poema de amor, que nunca será rasgado.

Formar um par ideal, tomar banho de cachoeira, pegar um bronzeado legal, aprender uma nova canção... Esperar alguém na estação.

Queijo com goiabada, pôr-do-sol na roça... Uma festa, um violão, uma seresta. Recordar um amor antigo, ter um ombro sempre amigo, bater palmas de alegria.

Uma tarde amena, calçar um velho chinelo, sentar numa velha poltrona, tocar violão para alguém, ouvir a chuva no telhado, vinho branco, Bolero de Ravel e ...

...muito carinho meu.


Carlos Drummond de Andrade
Do livro: Histórias & Fábulas Aplicadas a Treinamento. Albigenor & Rose Militão / Qualitymark Editora
Foto: Morro do Gunga/Maurinho