sábado, 30 de abril de 2016

Indignação: politiquice fétida e putrefata


É tanta canalhice no meio político; é tanta politiquice da mais fétida espécie; é tanto bandido se passando por paladino da justiça; é tanta roubalheira sem trégua; é tanta gente sofrendo misérias por conta desses “engomadinhos engravatados”; é tanta gente assaltada na sua já combalida cidadania, que eu chego a pensar que o voto ainda está encabrestado na ausência de discernimento, maturidade e criticidade e, por isso mesmo, pouco ou quase nada vale. 

Esses larápios da cidadania, iletrados políticos, ignóbeis farsantes em busca de holofotes, mercenários defensores dos próprios interesses e, aos nossos olhos, de outros os mais escusos, não se envergonham mais das canalhices, não se envergonham mais das imbecilidades que dizem, não se envergonham mais da "babaquice" que propagam... Não se envergonham porque o incauto cidadão se conforma, ainda aceita, ainda aplaude, ainda troca favores, ainda se "ajeita" em benesses, ainda não aprendeu a escolher... Ainda confunde representatividade com favorecimentos outros...

Então penso que o voto deve vestir-se de revolução e, quem sabe, somado aos votos de outros tantos indignados, gritar em alto e bom som: BASTA! Penso, por vezes, que se o país sofrer o colapso do voto nulo, talvez os larápios e gatunos possam ser lançados ao esgoto putrefato, de onde não deviam jamais ter saído. Talvez, quem sabe...  

A esperança que nos acalenta, nessa estrada solitária, insiste fazer acreditar que a consciência de voto um dia chegue... um dia desembarque na cidadania. E, quem sabe assim, se aprenda a escolher, se aprenda a "detonar" politiqueiros e gatunos fantasiados... quem sabe assim, se aprenda de fato a autonomia do cidadão... quem sabe assim, se aprenda um pouco mais de patriotismo, de "Brasilidade".

Estou tão indignado que concordo, hoje, plenamente, com Rui Barbosa.

domingo, 24 de abril de 2016

Escola da Vida


Metáfora

Um erudito atravessava de barco um rio e, conversando com o barqueiro, perguntou:

—Diga-me uma coisa: você sabe botânica?

O barqueiro olhou para o erudito e respondeu:

—Não muito, senhor. Não sei que história é essa...

— Você não sabe botânica, a ciência que estuda as plantas? Que pena! Você perdeu parte de sua vida !

O barqueiro continua remando. Pergunta novamente o erudito:

— Diga-me uma coisa: você sabe astronomia ?

O coitado do caiçara barqueiro, analfabeto, balançou a cabeça e disse :

—Não senhor, não sei o que é astronomia.

—Astronomia é a ciência que estuda os astros, o espaço, as estrelas. Que pena ! Você perdeu parte da sua vida.


E assim foi perguntando a respeito de cada ciência: astrologia, física, química, e de nada o barqueiro sabia. E o erudito sempre terminava com seu refrão : "Que pena! Você perdeu parte da sua vida...".


De repente, o barco bateu contra uma pedra, rompeu-se e começou a afundar...

E o barqueiro perguntou ao erudito:

—O senhor sabe nadar ?

— Não, não sei.

— Que pena, o senhor perdeu toda a sua vida ! !


segunda-feira, 18 de abril de 2016

Terraço e Tontura





Humor

O alemão foi ao médico porque vinha sentindo tontura, vertigem, gases, sentia tudo rodando. Quando entrou no consultório, o médico perguntou: 

— O senhor se alimenta bem?

— iá... Na almoço, come um salsichinha, um iogurte, uma chucrute e uma chopinha. Depois, em seguida, quando terrepa no terraça, eu sinta tonturra!

E a mulher do alemão só ficou olhando o marido contar, fazendo o sinal negativo com a cabeça para o médico.

 — E na janta, o que o senhor come?

— Mesma coisa: uma chucrutezinho, um salsicha e uma chopinha... Em seguida, terrepa NA TERRAÇA e sinto TONTURRA!

Vendo que a mulher continuava a chacoalhar a cabeça, o médico resolveu chama-lá  num canto do consultório e perguntou-lhe:

 — A senhora tá fazendo esse sinal com a cabeça por quê ? O seu marido está mentindo?

— iá, doutor! Ele muito mentirroso. Quando fala um chopinha, na verrdade toma dez chopinhas! Salsicha? É um salsicha desta tamanhão!! E ele come dez, vinte, trinta chucrutes.. E tem mais dotor, meu nome não é TERRAÇA , é TERRESA!!


segunda-feira, 11 de abril de 2016

Poesia Matemática



Fonte: http://psiucheguei.no.comunidades.net/imagens/uu.png


Outros Autores

Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base,
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo octogonal, seis esferóides.
Fez da sua
Uma vida
Paralela à dela
Até que se encontraram
No Infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
- O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs -
Primos-entre-si.
E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Retas, curvas, círculos e linhas sinoidais.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclideanas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E, enfim, resolveram se casar
Constituir um lar.
Mais que um lar,
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.
Foi então que surgiu
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo,
Uma Unidade. Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era a fração
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como, aliás, em qualquer
Sociedade.

Millôr Fernandes. Trinta Anos de Mim Mesmo. Editora Nórdica. Rio de Janeiro, 1972.