terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ilusões do Amanhã

Outros Autores

Preocupo-me, sempre, em saber a veracidade dos e-mail's que recebo. Embora não tenha controle sobre tais informações, preciso crer nas fontes. Por isso sou sempre criterioso nas escolhas, ainda que tal atitude não me exima de equívocos.

A poesia, que hoje publico, neste espaço de "Outros Autores", foi enviada pelo professor Flamarion, companheiro desde os tempos de Brasília. Confio, portanto, nos argumentos por ele apresentados, mesmo optando por omitir maiores detalhes.

Segundo o professor, o poema foi escrito por um aluno da APAE,  e faz o seguinte apelo: "Peço que divulguem, para prestigiá-lo. Se esse garoto, com todas as barreiras que encontra, acredita  tanto no amor, por que a maioria das pessoas que se dizem 'normais' procuram, ao contrário, negar a existência deste mesmo amor?"




Ilusões do Amanhã

"Por que eu vivo procurando um motivo de viver,
 Se a vida às vezes parece de mim esquecer?
 Procuro em todas, mas todas não são você.
 Eu quero apenas viver, se não for para mim que seja pra você.
 Mas às vezes você parece me ignorar, sem nem ao menos me olhar,
 Me machucando pra valer.
 Atrás dos meus sonhos eu vou correr.
 Eu vou me achar, pra mais tarde em você me perder.
 Se a vida dá presente pra cada um, o meu, cadê?
 Será que esse mundo tem jeito?
 Esse mundo cheio de preconceito.
 Quando estou só, preso na minha solidão,
 Juntando pedaços de mim que caíam ao chão,
 Juro que às vezes nem ao menos sei, quem sou.
 Talvez eu seja um tolo,
 Que acredita num sonho.
 Na procura de te esquecer,
 Eu fiz brotar a flor.
 Para carregar junto ao peito,
 E crer que esse mundo ainda tem jeito.
 E como príncipe sonhador...
 Sou um tolo que acredita, ainda, no amor."

 PRÍNCIPE POETA (Alexandre Lemos - APAE)


sábado, 28 de agosto de 2010

As Três Peneiras



Dona Flora foi transferida de seção na fábrica em que trabalhava. Para “fazer média” com o novo chefe, logo no primeiro dia, saiu-se com esta:
- Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito da Zefinha...
Nem chegou a  terminar a frase porque “seu” Lico aparteou:
- Espere um pouco dona Flora. O que vai me contar já passou pelas três peneiras?
- Peneiras? Que peneiras “seu”Lico?
- A primeira é a da VERDADE. Tem certeza de que esse fato é absolutamente verdadeiro?
- Não, como posso? O que sei foi o que me contaram, mas eu acho que...
- Então sua história já vazou na primeira peneira. Vamos à segunda que é a da BONDADE. O que vai me contar é alguma coisa que gostaria que os outros dissessem a seu respeito?
- Claro que não! Deus me livre!
- Então, essa história vazou na segunda peneira. Vamos ver se vaza na terceira que é a da NECESSIDADE. A  senhora acha mesmo necessário contar-me esse fato ou mesmo passá-lo adiante?
- Não , chefe. Passando nessas peneiras vi que não sobrou nada mesmo do que eu ia contar.



Pessoas ocupam, todos os dias, os mesmos espaços, compartilham o mesmo ar, o mesmo tempo. E as diferenças atiçam os excessos e as incompreensões, tornando propensa a irritabilidade.

Como já disse em outros textos, aquilo que somos, a qualquer momento de nossas vidas, será determinado por nossos relacionamentos com aqueles que nos amam ou se recusam a nos amar, com aqueles a quem amamos e a quem nos recusamos a amar.

O certo é que o conflito existe e será saudável se soubermos trabalhá-lo com franqueza, serenidade e maturidade, para que nossas relações sejam de qualidade e assim "existam".

Enquanto atitude, é necessário propor-se a evidenciar valores e compartilhar alegrias, ao invés de "cozinhar azedumes".

Então, por hoje é isso: verdade, bondade e necessidade! Vale propagar!




Imagem:http://www-pensar.blogspot.com/2009/05/as-tres-peneiras.html

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Um Vovô Sarado!!!


QUINTA DE HUMOR


Depois da cena inicial a imaginação voa! 
Nem é preciso dizer mais nada! Então, uma boa risada! 










Foram muitas as gargalhadas que dei! Hilário!

Uma ótima quinta a todos!




terça-feira, 24 de agosto de 2010

Minha Maneira




Dentre as tantas traduções, gosto desta! Meu jeito e minha maneira, embora sejam permitidas ambas as traduções, a palavra "maneira" é metaforicamente mais completa. Permite mais! E a música é mesmo muito especial! Fala muito!


E agora o fim está próximo,
Então eu encaro a última cortina.
Meu amigo, vou dizer claramente,
Vou expor minha situação
Da qual eu tenho certeza
Eu vivi uma vida que está completa,
Eu viajei por cada uma e em todas as estradas.
E mais, muito mais do que isso,
Eu fiz da minha maneira...

Remorsos, tive uns poucos.
Mas, por outro lado, poucos demais para mencionar.
Eu fiz o que tinha de fazer
E perserverei até o fim, sem exceção.
Eu planejei cada percurso delineado,
Eu planejei cada passo
Cada passo cuidadoso ao longo do caminho.
E mais, muito mais do que isso,
Eu fiz da minha maneira...

Sim, houve ocasiões,
Tenho certeza que você soube
Quando mordi mais do que podia mastigar.
Mas, em meio a tudo,
Quando havia incerteza,
Eu engolia e cuspia fora.
Eu enfrentei tudo e me mantive em pé,
Eu fiz da minha maneira...

Eu amei, eu ri e chorei.
Tive minha parte, minha porção de perdas.
E agora, à medida que as lágrimas diminuem,
Eu acho tudo isso tão divertido.
Ao pensar que fiz aquilo tudo,
E posso dizer? –não de uma maneira tímida...
Oh não, oh não, não eu,
Eu fiz da minha maneira...

Pois, o que é um homem,
O que ele possui?
Se não for a si mesmo,
Então ele não tem nada.
Para dizer as coisas
Que ele sente sinceramente
E não as palavras
De alguém que se ajoelha.
O registro mostra:
Eu suportei os golpes,
E eu fiz da minha maneira...
Sim, eu fiz da minha maneira.

My Way
Composição: Claude François / Jacques Revaux / Paul Anka
Interpretação: Frank Sinatra 


domingo, 22 de agosto de 2010

Selinho Mágico




Recebi, da adorável Pri Sganzerla, do Devaneios e Metamorfoses, o selo "O que é mágico para você?"

A Priscila é uma pessoa fascinante! Escreve maravilhosamente bem, com maturidade e lucidez acentuadas! Gosto, muito, das falas anunciadas! São reflexões convidativas, profundas e necessárias! Sugiro um passeio pelo Blog dela! Tenho absoluta certeza de que ficarão tão encantados quanto eu!

Obrigado Priscila! Meu permanente carinho e admiração!

Pois bem, as regras para o selo são as seguintes:
.
- Poste o selinho;
- Responda a pergunta: "O que é mágico para você?";
- Coloque uma imagem que você ache mágica;
- Indique o selinho para outros blogueiros.

Vamos então ao cumprimento das regras!
O selo, já postado, é oferecido aos blogs, a seguir enumerados, lembrando sempre que cada um deve ficar à vontade para aceitar, prosseguir com a proposta ou recusar. Já disse , em outros "presentes" , que respeito as decisões, sem quaisquer constrangimentos:
Vou então, com base na imagem mágica, dizer o que é mágico para o Gilmar.

Mágico é isso: filhos! Meus dois filhos, Lucas e Augusto! Eis a minha suprema magia!

Mágico é a paternidade! Mágico é esse presente de Deus, sublime presente!
Mágico é ser chamado de "papai" e de "amigão"!
Mágico é o abraço diário, o beijo na face, e a benção solicitada: "benção papai" ou "benção amigão"!
Mágico é o sorriso de amor em ambas as faces! É o amor desmedido, intenso, real!
Mágico é saber-me vivo em cada um deles! Mágico é essa certeza de completude, essa razão de minha existência e das minhas utopias de vida!
Mágico! Sim! Não há nada, absolutamente nada mais significativo, mais importante, mais intenso, mais vida, mais tudo, absolutamente tudo, senão meus dois filhos!

E é preciso repetir, sem temer a redundância ou a absolutização da fala: mágico é tudo que emblemam esses dois filhos! Tudo! Eis a vida que respiro!

sábado, 21 de agosto de 2010

Isca Traumática

Eu, meus filhos e a Pirarara

Ainda morava em Brasília quando sucedeu-se o episódio. Como a família adorava uma pescaria, descobrimos um "pesque e solte" (pesca esportiva) na cidade de Luziânia, aproximadamente uns 80 km de distância.

Os finais de semana eram aguardados com ansiedade! Passávamos o dia, fosse sábado ou domingo, pescando e soltando os peixes! E olha que haviam peixes enormes, de 40 até 60 quilos, como a pirarara da foto.

O problema começou com algumas pescarias que não resultaram em nada. O dia inteiro, à beira d'água e dois ou quatro peixinhos. Enquanto isso, meus filhos e eu assistíamos aos vizinhos pegarem um após o outro. Alguma coisa estava erada. Só podia ser "isca"!

Incrédulos, só observávamos sairem surubins, pacus, tambacus, dourados, matrinxãs e a famosa pirarara, que reinava soberana, como sendo o maior peixe do lugar. E nós? Nada! A Família Morais, já abatida, não tinha sucesso!

Algo precisava ser feito! Lembrei-me de outros tempos, quando pescava com "tripa de galinha". Informei-me e diziam lá que era, de fato, uma ótima isca. Naquele poço os surubins e pirararas adoravam, e corria risco de entrarem outros atrevidos no anzol.

Estava decidido! Haveria de providenciar as tais "tripas". Perguntei aqui e acolá, mas ninguém conhecia algum estabelecimento onde poderiam ser compradas. Andanças e andanças. Vasculhei internet. Catálogo telefone então, foram inúmeras e infrutíferas ligações! O jeito era "apelar" para outra solução!

Recorri então ao meu fiel amigo, que era motorista da faculdade que eu dirigia. Um paraibano capaz da melhor amizade, prestativo, colaborativo e "pau prá toda obra". Manifestei a ele a angústia, no que, prontamente, já ofereceu resposta:
- Cidadão! Aqui na feira de Ceilândia a gente compra essa galinha, viva e de boa qualidade! Vamos lá! Vamos resolver isso! Vem comigo!

Galinha viva!? Já saí ressabiado. Pobrezinha da bichinha seria sacrificada! E tudo por conta dos peixes! Mas, se era para resolver, que assim fosse.

Circulamos pela feira, que tinha de tudo! Tudo mesmo! E ele, já entrosado com a turma, foi logo escolhendo a penosa, apalpando-a e já declarando, sem a menor sombra de dúvidas:
- Essa aqui cidadão! Pode preparar que o professor vai levar essa!

Situação resolvida, nada disse. Esperei o vendedor amarrar os pés da coitada, colocar num saco de nylon e paguei.

Agora eu quero ver, pensava no caminho de volta! Essa isca é a melhor! E enquanto imaginava as possibilidades da pescaria, olhava, de relance, para a coitada! Quem vai fazer o serviço sujo?!

Nesse dia o meu carro estava na revisão, por isso a coitada teve que ficar "amoitada" no porta malas do "veículo oficial", até lá pelas nove da noite. Eu iria sair mais cedo, pois precisava executar a sentença já proferida à pobre galinácea!

Situações encaminhadas, teria ainda que atravessar a cidade. Combinei com a esposa e meninos que me aguardassem em frente à Catedral, pois eles estariam por perto, numa festinha de aniversário. Ao chegarmos, precisava fazer a troca de ambiente da pobre coitada. Já fui descendo do carro e anunciando aos filhos, com um largo sorriso:
- Meus amigos, resolvemos o problema de isca! Agora quero ver! Aqui está a solução!

No que peguei no saco de nylon para tirar a bichinha, eis que ela se solta e vai ao chão. E pasmem! Mesmo com as pernas amarradas, a danada saltitava de um lado para o outro, já quase se soltando. Aí foi aquela correria. Pega! Segura! Não deixa ela escapar! 

Dez da noite, em plena Esplanada dos Ministérios, em frente à Catedral, uma pobre galinha tentava, desesperadamente, fugir da morte! E um bando de doidos pulavam atrás dela, até que, numa "ponte" de beleza plástica que faria inveja a muitos goleiros selecionáveis, meu fiel amigo agarrou-a!
- Peguei! Essa mocinha aqui não escapa mais! Dê cá o saco!

Missão parcialmente cumprida, faltava o desfecho. A pior parte! Que mãos "assassinas" iriam decepar a vida da pobrezinha?! Olhava meus filhos, enquanto a esposa dirigia, e o semblante silenciara-lhes a voz. Também pensavam no cruel destino da coitada! Ressabiado, tentei reanimá-los:
- Amanhã pegaremos todos os peixeis! Os maiores!

Não adiantou muito. Resolvi então não insistir.

Já em casa, na área de serviços, começou uma disputa para ver quem não teria que sacrificar a "pretinha". Eu dizia à esposa:
- Sua mãe é acostumada a fazer isso, então você sabe como! Lá, na roça, já vi você ajudar muitas e muitas vezes a depenar as galinhas para o almoço.
- Está bem. Vou tentar, mas não sei se consigo!

A morte da coitada, mesmo anunciada deste aquela tarde, precisava seguir todo um ritual macabro. Não era tão simples assim. Primeiro era preciso colocar bastante água para ferver. Depois de morta a bichinha seria mergulhada no tacho para facilitar o despeno. Depois, era preciso colocar um prato sob o pescoço, para colher o sangue. O prato ainda recebia uma "esprimida" de limão "capeta", era para não permitir que sangue "talhasse" e fosse usado depois para fazer o "molho pardo". Para o sacrifício era preciso pisar sobre os dois pés da "pretinha", prendendo-a ao chão. A mão esquerda da "carrasca" segurava a cabeça da coitada e a mão direita empunhava uma faca. Pescoço erguido, começava um cuidadoso trabalho para retirar todas as penas, deixando à mostra a parte que sofreria o golpe fatal! Cenas sinistras aquelas!

Quase mudei de idéia! Entretanto, o que iria fazer com a penosa? Ali, no condomínio, as pessoas tinham cachorros como animais de estimação, não galinhas! E como iria fazer para passear com a "pretinha" pelas ruas?! Não! Não havia como retroceder! O ridículo sairia mais caro.

Prato no chão, sob o pescoço desnudado e lá foi ela. Num golpe só o sangue já jorrava. Logo o corpo da "pretinha" esmoreceu e foi largado ao chão, todo forrado com papelões.
- Pronto! Está feito! Agora é só depená-la e rápido, caso contrário poderá "encroar"!

Mal a esposa acabara de pronunciar tais palavras e eis que a danada da galinha resolve se levantar e com o pescoço já pendurado, começa a se debater e a pular na área, ziguezagueando de um lado a outro, espalhando sangue pelas paredes. Uma confusão!
- Bem! Ajuda aqui! Rápido!

Chegamos todos juntos para ver a cena horripilante! Aí já não havia mais o que fazer! Tomei a faca na mão, saí à caça da bichinha, me lambuzei todo, mas ao agarrá-la, mesmo com dor no coração, desferi o golpe mortal!

Mortal?! Que nada! Feito "mula sem cabeça" a "pretinha" ainda tentou um último suspiro, até que, contrariada, aceitou o seu destino!

Depois de tudo, demos algumas constrangidas risadas da nossa falta de jeito. Era tão comum aquilo lá na roça, na casa da sogra, que não imaginávamos tamanha e traumática dificuldade.

No outro dia até que pegamos mesmo alguns peixes com a isca, mas eu estava com tanta dó da "pretinha", de certa forma me afeiçoara a ela e, ali, empunhando o molinete, fiz um juramento "in memorian" de que jamais repetiria tal ato! Nenhuma outra penosa sofreria tal sacrifício. Mas a isca foi aprovada! E os peixes mostrados!


Augusto foi quem fisgou a pirarara

Esse pintado aí foi fisgado pelo Lucas


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O engraçadinho da classe

QUINTAS DE HUMOR


Imagem: Erik Shunk_blogspot


É sabido que a internet produz verdades e mentiras, muitas vezes desproporcionais. Ainda assim, pela presença de espírito e boas risadas que pode provocar, a história a seguir é muito boa. "Dizem" que o fato é verídico e aconteceu na PUC do Rio Grande do Sul. Tenho minhas dúvidas...

Verdade ou mentira, em que pese quaisquer "incabíveis" discussões pedagógicas, a resposta foi fulminante. Vejam só o diálogo!



Uma professora universitária estava acabando de dar as últimas orientações para os alunos acerca da prova final, que ocorreria no dia seguinte.

Finalizou alertando que não haveria desculpas para a falta de nenhum  aluno, com exceção de um grave ferimento, doença ou a morte de algum parente próximo.

Um engraçadinho, que sentava no fundo da classe, perguntou com aquele velho ar de cinismo:
- Dentre esses motivos justificados, podemos incluir o de extremo cansaço  por atividade sexual?

A classe explodiu em gargalhadas, com a professora aguardando, pacientemente, que o silêncio fosse restabelecido.

Tão logo isso ocorreu, ela olhou para o palhaço e respondeu:
- Isto não é um motivo justificado. Como a prova será em forma de múltipla escolha, você pode vir para a classe e escrever com a outra mão...ou, se não puder sentar-se, pode respondê-la em pé.



Bem feito!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eclipse de Amor e Dor

Imagem: www.belasmensagens.com.br


Eclipse de Amor e Dor

Ele nasceu Sol de intensa luz,
Transmissor de brilho instigante.
Doava seu encanto que seduz,
Radiando sempre manhã quente.

Ela, feita Lua, toda noite aparecia,
Admirava o calor que dele recebia,
Vivendo momentos de pura magia,
Fase era Crescente, noutras Cheia.

Vivenciou mundo de Amor e Dor,
Sentia-se por vezes descontente.
Sem Ele seu mundo perdia a cor.
Nessa decepção ficou Minguante.

Buscou no íntimo de sua essência
Uma enorme força de superação,
Absorveu o ensinamento que trazia,
Fez-se Nova, brilhou em revelação.

Observando, o Destino os aproximou:
Num eclipse ambos se encontraram.
Nesse dia o impossível Amor brilhou,
Por sentimento eles se entregaram.

À distância anunciada, aconteceu:
O Sol em seu desatino emocionou,
A terna Lua em despedida sofreu,
E, ao vê-los, o Cosmo inteiro chorou.

Tatiana Cláudio Moreira Figueiredo

Poema publicado no livro "Livre Escrita - Antologia Premiada da All Print Editora", no ano de 2010.




Fica aqui a homenagem do Caminhar & Ruminar a uma pessoa que sempre se oferece educada, cuidadosa, presente e cúmplice nas caminhadas.
Para saber mais das falas de Tatiana, visite o seu blog:

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Deformações Educacionais


Foto: google


QUINTAS DE HUMOR!

Vejam só o que os vestibulandos foram capazes de escrever na prova de redação, dado o tema: “A TV forma, informa ou deforma?

A seleção e comentários foram feitos pelo professor José Roberto Mathas


1) "A TV possui um grau elevadíssimo de informações que nos enriquece de uma maneira pobre, pois se tornamos uns viciados deste veículo de comunicação."

2) "A TV no entanto é um consumo que devemos consumir para nossa formação, informação e deformação."

3) "A TV se estiver ligada pode formar uma série de imagens, já desligada não."

4) "A TV deforma não só os sofás por motivo da pessoa ficar bastante tempo intertida como também as vistas."

5) "A televisão passa para as pessoas que a vida é um conto de fábulas e com isso fabrica muitas cabeças."

6) "Sempre ou quase sempre a TV está mais perto de nosco... Fazendo com que o telespectador solte o seu lado obscuro."

7) "A TV deforma a coluna, os músculos e o organismo em geral."

8) "A televisão é um meio de comunicação, audição e porque não dizer de locomoção."

9) "A TV é o oxigênio que forma nossas ideias."

10) "...por isso é que podemos dizer que esse meio de transporte é capaz de informar e deformar os homens."

11) "A TV ezerce poder, levando informações diárias e porque não dizer horárias."

12) "Nós estamos nos diluindo a cada dia e não se pode dizer que a TV não tem nada a ver com isso."

13) "A televisão leva fatos a trilhares de pessoas."

14) "A TV acomoda aos teles inspectadores."

15) "A informação fornecida pela TV é pacífica de falhas."

16) "A televisão pode ser definida como uma faca de trez gumes. Ela tanto pode formar, como informar, como deformar."

Sem comentários!

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Instantes



Se eu pudesse viver novamente a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser perfeito; relaxaria mais.
Seria mais tolo do que tenho sido; na verdade,
bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilhas,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente
cada minuto de sua vida; claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabes, disso é feita a vida, só de momentos,
não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas;
se eu voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço
no começo da primavera, e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vida pela frente.
Mas vejam, tenho 85 anos
e sei que estou morrendo...
Jorge Luis Borges
Escritor Argentino
1899-1986

Para saber mais:
Wikipédia
Arte Livre

sábado, 7 de agosto de 2010

Flagrante no motel



Cidade do interior tem essa coisa de todo mundo conhecer todo mundo. Às vezes é muito bom, facilita a solidariedade, noutras tantas, pode provocar alguns estragos irreparáveis.

Dia desses, um camarada resolveu dar uma "escapulida" à tarde. O comércio estava parado mesmo, sem qualquer movimento. Recomendou à balconista que se o procurassem, estaria na cidade vizinha, negociando algumas mercadorias para a loja. Correu até o pequeno banheiro, deu uma arranjada no cabelo, pincelou com o dedo algumas gotas de perfume, discou um número no celular e combinou a festa.

Separado, há alguns anos, vivia sua solteirice ao extremo. Nada de compromissos sérios. Valia experimentar sensações que imaginava estarem apagadas. Que nada! Renascera para a vida. Vivia, nas rodas de amigos, com largos sorrisos e muita prosa boa. Era um alívio não se obrigar a certas tramas matrimoniais.

Pouco tempo depois já estacionava o carro numa das vagas da suite 115, do motel "Êxtase". Curioso ao extremo, reparou, por entre a fresta da "portinhola" de lona, o veículo que estava estacionado na suite ao lado. Não era um carro comum, por isso a curiosidade foi aguçada. Abriu um pouco mais, para verificar o modelo. Haviam no máximo uns cinco daqueles na cidade e, como era fissurado em carros, já identificou, de pronto, os proprietários.

Enumerou, ali mesmo os donos, sempre se perguntando se seria ou não.
 —Será o Bartolomeu, o médico obstetra? O Carlúcio não pode ser, ele está na fábrica agora, passei por ele há pouco. O prefeito? Seria o prefeito? E se fosse o Magno, o amigo e pastor? Não! Ele era correto demais! Só podia ser então o Marcão! Esse é um mulherengo inveterado, casado, mas não dá ponto sem nó.

E quanto mais pensava, mais a curiosidade aumentava. Não aguentou. Abriu de vez a portinhola, entrou na vaga e constatou que era mesmo o carro do Marcão. Deu vontade de "sacanear" o amigo, bater na porta, aprontar uma confusão ali. Depois, repensando, achou melhor não exagerar. Observou que o vidro da porta do carro estava um pouco abaixado. Imaginou que, na pressa, no afã do prazer, Marcão se descuidara. Resolveu então que iria aprontar uma prá ele. Enfiou a mão pelo vidro, abriu cuidadosamente a porta e arrancou o dvd player do veículo, não todo, mas só o dispositivo de segurança. E era justamente o "equipamento importado", como gostava de gabar-se o amigo.

Feito isso, foi também para o seu cantinho do prazer. E já mal esperava o momento em que aprontaria a gozação com o Marcão.

Passados uns dois dias, numa tarde de domingo, quando a turma se reunia no boteco para a cervejinha, viu que Marcão estava na roda e todo prosa. Parou o carro, pegou o dispositivo do dvd player, colocou no bolso da blusa e se aprontou para a gozação.

O papo animado, como sempre numa roda de amigos, só falavam sobre mulheres. Os imaginários segredos quebravam-se todos naquela mesa. Cada um queria contar mais vantagem que o outro. E o Marcão estava mesmo todo prosa!
— Mulher gosta mesmo é de carinho! E lá em casa é assim, dou muito carinho à "patroa", que é prá nunca reclamar qualquer falta! Do jeito que a coisa anda, meus camaradas, quem gosta de ser Ricardão, não pode dar chance de ser surpreendido pelo cara... 

E caiam em risadas desmedidas. Era sempre hilário ridicularizar os coitados dos homens, daquela cidadezinha, que nem sabiam da existência de um Ricardão em casa.

E, nesse embalo, nessa conversa de Ricardão, foi ali que resolveu aprontar com o Marcão. Tirou um dvd do bolso e, como o carro do Marcão estava bem na porta do boteco, foi logo dizendo:
— Aí Marcão! Comprei esse DVD aqui, muito bem recomendado. Dizem que o som é magnífico. São os sucessos de Vitor e Leo, gravados ao vivo! Que tal a gente ligar no seu carro, para animar a turma aqui?!

O Marcão, meio sem graça, retrucou:
— Pessoal, eu lamento. Não vai ter jeito não! É que, na sexta-feira passada minha esposa saiu no carro prá fazer umas compras  e, segundo ela, quando retornou ao estacionamento, haviam roubado o dvd player do carro. Aquele equipamento é tecnologia pura e de primeiro mundo, mas ela se esqueceu de retirar o dispositivo de segurança. E sem ele fica imprestável. E o pior é que ninguém viu nada! Quem pegou vai faturar grana alta. Eu fiquei no maior prejuízo.

O amigo, sem saber se dava uma boa gargalhada ou se chorava a dor do Marcão, engoliu a seco as palavras. Aquele super-homem virou pateta! Sexta-feira, naquela hora, não era o Marcão, mas a esposa dele quem estava naquela suite...

Sem saber o que fazer com o "bendito" dispositivo importado, permaneceu calado e pensativo: "é meu amigo, o seu prejuízo é muito maior do que você imagina e vai crescer ainda mais..."

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Quem manda em casa


Essa tirinha é ótima! Só não vale lá em casa. Lá há mais carinho...
Será mesmo?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Canção Óbvia




Escolhi a sombra desta árvore para
repousar do muito que farei,
enquanto esperarei por ti.

Quem espera na pura espera
vive um tempo de espera vã.

Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos e
conversarei com os homens.

Suarei meu corpo, que o sol queimará;
minhas mãos ficarão calejadas;
meus pés aprenderão o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirão mais;
meus olhos verão o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.

Não te esperarei na pura espera
porque o meu tempo de espera é um
tempo de quefazer.

Desconfiarei daqueles que virão dizer-me,
em voz baixa e precavidos:
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar
É perigoso, esperar, na forma em que esperas,
porque esses recusam a alegria de tua chegada.

Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque esses, ao anunciar-te ingênuamente,
antes te denunciam.

Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.


Paulo Freire
Genebra, março de 1971

Fonte: Pedagogia da Indignação - Cartas Pedagógicas e Outros Escritos, Editora UNESP, 2000.