segunda-feira, 27 de abril de 2015

A Arte do Silêncio

Metáfora



Certa vez, um homem tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o vizinho acabou sendo preso.

Algum tempo depois, descobriram que era inocente.

O rapaz foi solto e, após muito sofrimento e humilhação, processou o vizinho. No tribunal, o vizinho disse ao juiz:

— Comentários não causam tanto mal...

E o juiz respondeu:

— Escreva os comentários que você fez sobre ele num papel. Depois pique o papel e jogue os pedaços pelo caminho de casa. Amanhã, volte para ouvir sentença!

O vizinho obedeceu e voltou no dia seguinte, quando o juiz disse:

— Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou ontem!

O homem, atônito, sem saber o que fazer, assim se manifesta:

— Não posso fazer isso, meritíssimo! O vento deve tê-los espalhado por tudo quanto é lugar e já não sei onde estão!

Ao que o juiz respondeu:

— Da mesma maneira, um simples comentário que pode destruir a honra de um homem, espalha-se a ponto de não podermos mais consertar o mal causado. Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada! Sejamos senhores de nossa língua, para não sermos escravos de nossas palavras.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Movimento Sísmico



 Humor
O Centro Sísmico Nacional enviou à polícia da cidade de Icó, no nordeste, um telegrama que dizia:
·   Possível movimento sísmico na zona. Ponto.
·   Muito perigoso, superior Richter 7. Ponto.
·   Epicentro a 3 km da cidade. Ponto.
·   Tomem medidas. Ponto.
·   Informem resultados com urgência. Ponto.

Após uma semana foi recebido no Centro Sísmico Nacional um telegrama resposta:
·   Aqui é da Polícia de Icó. Ponto.
·   Movimento sísmico totalmente desarticulado. Ponto.
·   O tal Ritchter tentou fugir, mas foi abatido a tiros. Ponto.
·   Desativamos as zonas. Ponto.
·   As putas estão todas presas. Ponto.
·   Epicentro, Epifânio e três cupinchas detidos. Ponto.
·   Não respondemos antes, porque aqui houve um terremoto do cacete!



domingo, 19 de abril de 2015

Meus Secretos Amigos




Outros Autores
  
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida  em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas  enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende  de suas existências... 

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na  sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como  são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente,  construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é  que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.   E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez,  fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de  mim, compartilhando daquele prazer... 

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os  meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus  amigos! 

A gente não faz amigos, reconhece-os.


Paulo Sant’Ana - Colunista do Jornal Zero Hora (Extraído do Livro  O Gênio Idiota)

É bom saber: 
O texto acima é comumente atribuído a Vinícius de Moraes, mas não é. O jornal Zero Hora, de Porto Alegre, na edição de 19 de junho de 2002, diz: “O colunista Paulo Sant’Ana recebeu esse e-mail do jornalista Emanuel Mattos no dia de seu aniversário e, para seu espanto, identificou que o texto, assinado por Vinícius de Moraes, é de sua autoria. Surpreso, imediatamente ligou e desfez a confusão. A criação de Sant’Ana já deve ter circulado por muitas caixas de mensagens com a assinatura de Vinícius, sem que ninguém soubesse da troca de autor. Somente, é claro, o próprio Sant’Ana.”

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Resiliências

Meus Rabiscos

 

Quem já não se deparou, no embate consigo mesmo, ante extremismos de escolhas? E, porque uma vez machucado, visita-lhe com insistência a louca vontade de apartar-se de tudo e de todos...

Nessa “briga”, a "alma de avestruz" mergulha na vergonha, foge da vida, se esconde dos dias e das faces, quer manter-se incólume, intocável e inatingível. Oculta-se, esperando a adversidade desaparecer. E ela não cessa!

Experimenta-se a covardia com o indelével sabor de altivez ou perfeita conduta!

Guimarães Rosa diz que “o animal, satisfeito, dorme” e penso que, dormindo, vulnerável se torna. Isso quer dizer que quando se permite dormitar em si a indolência, a injustiça, a desesperança, o negativismo, o pessimismo, a empáfia e a intempestividade das emoções, então é porque se desaprendeu a reconhecer-se capaz de suplantar desencontros; desaprendeu-se o compasso das utopias e as crenças já estão prestes a desfalecer nos próximos passos na estrada, que se fez íngreme demais!

Com tanta intemperança dormitando, o “inimigo”, que morava lá fora, já aluga espaços, mobília e acomoda-se dentro. O mundo ao redor passa a ser visto pelos olhos do medo, da banalização de valores, da negação ao amor e da intolerância à compaixão.

Esses olhares, pequenas sementes de imundícies, são regados a sentimentos de dores extenuantes, de abandonos cruéis, de inverdades maltrapilhas e de “absolutização” de conceitos.

É a escuridão profunda que teceu raízes largas e  coloriu de um preto abismal o túnel da vida, fazendo ruir toda defesa, até quedar-se, de vez, prostrando-se num inconformismo estático.

Na lama da escuridão do túnel, os passos pesam, os tropeços machucam e a dor, lancinante, é vingada nos gritos estremecedores que ainda tentam acordar a maturidade da consciência.

Num espinho mais pontiagudo, plantado por sangue do próprio sangue, um grito ainda mais intenso e estarrecedor é lançado ao nada. Todavia, o eco ricocheteando em paredes de lodo fétido, impregnado de vermes de ontem, atiçam a sobriedade... Por fim, de tanta insistência, faz  respirar com dificuldade absurda.

Aos poucos se liberta de amarras de toda sorte, das sociais às pessoais, e os olhos já cismam abrirem-se. Os modelos mentais incrustados, enferrujados na escuridão, num choque de consciência do frágil inacabamento, mas ciente do necessário refazimento, permitem novos olhares, de um jeito diferente, às mesmas coisas de sempre. Outros cenários já são possíveis. “Certezas” já são contrariadas e, a compreensão, a partir de dentro, já reclama hipóteses novas, indagações novas, cores novas.

Já há luz na outra extremidade. Já há força nas pernas para sustentar os passos. A visão já tem maior alcance.

Nessa imersão profunda para dentro de si mesmo, acende-se um novo desafio, que é o enfrentamento do problema maior que a competência. E já se tem a clara consciência de que é permitido, e é preciso, aumentar a própria competência para que o enfrentamento debilite as causas e alcance êxito na solução.

As adversidades já não fazem surtar a “alma”. Aprende-se, ante extremismos de escolhas, a reconstruir-se, a refazer-se por conta das deformações impostas.

A esperança insiste existir. Os cenários futuristas descortinam a “amplidão” da estrada. Há caminhantes ladeando os passos, agora firmes e convictos, partilhando sorrisos, permitindo o calor das mãos, num irrecusável convite de mútua pertença!

E a resposta é sim!
É tempo de avançar!
Eu vou!
Publicado originalmente em 09 de outubro de 2010



sábado, 11 de abril de 2015

A Aranha



Metáfora
Uma vez um homem estava sendo perseguido por vários malfeitores que queriam matá-lo.

O homem, correndo, virou em um atalho que saia da estrada e entrava pelo meio do mato e, no desespero, elevou uma oração a Deus da seguinte maneira:

— Deus Todo Poderoso fazei com que dois anjos venham do céu e tapem a entrada da trilha para que os bandidos não me matem!!!

Nesse momento escutou que os homens se aproximavam da trilha onde ele se escondia e viu que na entrada da trilha apareceu uma minúscula aranha.

A aranha começou a tecer uma teia na entrada da trilha. O homem se pôs a fazer outra oração, cada vez mais angustiado:

— Senhor, eu vos pedi anjos, não uma aranha. Senhor, por favor, com tua mão poderosa coloca um muro forte na entrada desta trilha, para que os homens não possam entrar e me matar...

Então ele abriu os olhos esperando ver um muro tapando a entrada e viu apenas a aranha tecendo a teia.

Os malfeitores estavam entrando na trilha, na qual ele se encontrava, e ele estava esperando apenas a morte.

Quando passaram em frente da trilha o homem escutou:

— Vamos, entremos nesta trilha!

— Não! Não está vendo que tem até teia de aranha? Nada entrou por aqui. Continuemos procurando nas próximas trilhas.

Fé é crer no que  não se vê, é perseverar diante do impossível. Às vezes pedimos muros para estarmos seguros, mas Deus pede que tenhamos confiança n’Ele para deixar que Sua glória se manifeste e faça algo como uma teia, que nos dá a mesma proteção de uma muralha.   É preciso não se desanimar diante das dificuldades, dos enfrentamentos e dos desencontros na vida... Deus, na sua imensa bondade e onipresença não abandona seus filhos... E ensina, a cada instante, lições imprescindíveis! E nos momentos mais difíceis, lá estará Ele a nos amparar...

"Senhor eu sei que tu me sondas
Sei também que me conheces (...)

(...) Se no abismo está minh'alma,
Sei que ali também me amas!"