Metáfora
Hoje,
por alguma razão que desconheço, deparei-me com um discurso que fiz numa
formatura, quando ainda dirigia uma faculdade. Rememorar... Permitir
que outro mundo desfile, uma vez mais, em lembranças impregnadas de
carinho e, porque não, também de saudades das pessoas com as quais se
compartilha uma grande caminhada.
Nesse
texto, como sempre eu fazia ao final da fala, há uma metáfora simples,
mas contundentemente significativa naquele contexto específico. Eis a
metáfora:
O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:
— Vovó! A senhora está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E, por
acaso, é uma história sobre este seu neto?
A avó parou de escrever a carta, sorriu e comentou com o netinho:
— Estou escrevendo sobre você, é bem verdade, entretanto, mais importante do
que as palavras, é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele,
quando crescesse.
O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.
— Mas ele é igual a todos os outros lápis que vi em minha vida!
A avó, pacientemente, então explicou:
— Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele
que, se você conseguir mantê-las, fará de você sempre uma pessoa em paz com o
mundo...
— Primeira Qualidade: você pode
fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma mão que guia
seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em
direção à sua vontade.
— Segunda Qualidade: de vez em
quando eu preciso parar o que estou escrevendo e usar um apontador. Isso faz
com o lápis sofra um pouco, mas no final, ele estará mais afiado. Portanto,
saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor.
— Terceira Qualidade: o lápis
sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado.
Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas
algo importante para nos manter no caminho do bem e da justiça.
— Quarta Qualidade: o que
realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite
que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.
— Finalmente, a Quinta Qualidade
do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você
fizer na vida, irá deixar traços. Portanto, procure ser consciente e grandioso
em cada ação realizada.
Pois
é... uma metáfora simples, mas que instiga! Propicia a reflexão e
convida a não temer a prática revisionista, afinal, mudança é antes de
tudo um ato de bravura. Por vezes é preciso saber usar a borracha... não
alimentar a dor.
E a
alma, feito o grafite, precisa sobreviver às intempéries, principalmente
com atitudes de humildade e lealdade. Feito isso, certamente seremos
incansáveis na arte de lançar traços por onde a estrada nos levar e, ao
longo do tempo, uma aquarela multicores espelhará o ser que nunca se
cansa de aprender: haverá sempre um traço novo a ser realizado!
É um convite!
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"Rememorar... Permitir que outro mundo desfile, uma vez mais, em lembranças impregnadas de carinho"... Adorei!
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