segunda-feira, 10 de maio de 2010

Reclames da Educação

    O educador comprometido com seu sonho, em nome de um projeto existencial coletivo, tem cada vez mais aflorada e sensibilizada sua visão prospectiva de mudanças... Educação! Eis aí o grande desafio! Subjugada que sempre foi e clamando por luzes oniscientes, brotadas das mais sérias e compromissadas estirpes de educadores...
    Educação que reclama passos firmes e mãos dadas num caminho aberto ao infinito da esperança. Que reclama a presença da verdade, o predomínio da prática-vida e a abominação do discurso vazio. Ela reclama o sonho que em todos os dias é sonhado num banco de escola: o sonho de se fazer presença-guia num cotidiano de exclusões sociais. A educação reclama ética!
    Reclama o libertar das amarras covardes de ideologias escusas e a abolição da subserviência. Reclama do holocausto a que os mais distantes rincões são submetidos: por onipotência, por omissão, por ingenuidade. A educação reclama a mais explícita vontade política!
    Reclama ouvidos aguçados, para os gritos sufocados, lânguidos, que se repetem como ecos e se perdem pelos vales sem sol. A educação reclama lucidez!
    Reclama a coletividade para o sensibilizar, para o auscultar, para o planejar e para o construir. Reclama a fertilização do chão em que se pisa, onde tantas vezes se erguem estátuas ao tempo, abrigo de iletrados e de onde se levantam monumentos que não se explicam e nem se justificam, mas que reluzem aos olhos dos hipócritas e incoerentes. A educação reclama o desvelar da mentira onipresente!
    Reclama um chinelo para os pés descalços, para os dedos já feridos por tantos tropeços, para que as pegadas sejam demarcadas no tempo e não se percam no horizonte que a humanidade faz descortinar. Reclama coragem, a falta de medo, o repúdio à covardia, para que o homem deixe de fingir o que sabe e abra-se ao saber do outro. Reclama o fim da dicotomia ostensiva e incongruente. A educação reclama pesquisa!
    Reclama a aula “arco-íris”, que se curva ludicamente na sua volta ao abrigo onde nasceu, mas que encanta, que alegra, que motiva, que se torna um “escorregador” por onde a aprendizagem brinca e se diverte livremente. A educação reclama a criatividade!
    Reclama corpo e alma se entregando às descobertas das próprias limitações e capacidades. Reclama a sede ardente do dualismo na educação-miragem hoje vigente. Reclama a sensatez: para a humildade, para o aprender, para o permitir-se, para o aceitar, para  o questionar e para o fazer... Sim... Para o fazer!
    Reclama o que podemos dar: a disponibilidade de ser. Ser útil, ser disseminador do saber, ser aglutinador de encaminhamentos e profícuo articulador de propostas condizentes. A educação reclama a nossa parceria! E ela só quer o nosso pensar crítico convertido em um fazer responsável!
    Está feito o convite!
 Foto:Henrique Oliveira Pires

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