sexta-feira, 7 de maio de 2010

Um último discurso

O cansaço da viagem, dos três últimos dias, por entre acentuadas curvas das montanhas de Minas, não permitiu outras postagens. Então, mais uma vez, recorro às lembranças  reviradas... Deparo-me com o último discurso que fiz numa formatura da FACEB, quando convidado por talentosos alunos do Curso de Turismo. O que foi dito guarda relação com um "amontoado" de outras coisas do cotidiano. É só uma questão de permitir-se. Eis o texto:

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Meus queridos alunos,

O que falar a vocês quando a emoção embarga a voz, provoca a lágrima e faz encher a alma de carinho, afeto e pertença?!
Hoje preciso confessar a minha incompetência para encontrar palavras capazes de traduzir o que se passa dentro deste educador! Então, com toda a humildade, recorro a Fernando Sabino e ouso parafraseá-lo, notadamente quando diz:

De tudo ficaram três coisas:
a certeza de que estamos sempre começando...
a certeza de que é preciso continuar...
a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
 PORTANTO DEVEMOS
 fazer da interrupção um caminho novo...
da queda, um passo de dança...
do medo, uma escada...
do sonho, uma ponte...
da procura, um grande encontro!  

A caminhada que fizeram, ou melhor, que juntos fizemos, numa Casa de Educação que não teve medo e nem se acovardou no seu ato sublime de fazer a verdadeira educação; que se escancarou a todos que dela se serviram e que comungou, com fidelidade, dos sonhos que vocês ousaram erguer em suas vidas, essa caminhada, com certeza absoluta, permitiu a formação de seres humanos ricos em valores e princípios, mas também de inquestionável e indiscutível competência, sobretudo porque emprestaram as suas melhores atitudes e propósitos nessa formação profissional.
Eu, enquanto educador, continuo acreditando na utopia de fazer educação conjugando o verbo coletivizar. Coletivizar competências, propósitos, verdades, transparência, sonhos, ideários... Coletivizar princípios e valores reclamados num mundo, ainda hoje, tão conturbado e de tantos desencontros.
Eu aprendi, nessa jornada, a grande lição que agora faço questão de propagar, onde quer que eu esteja: a lição da pertença!
Então, caros alunos, não se distanciem daquilo que me ensinaram. Busquem viver, em profundidade, a lição da pertença!
Pois, que adianta a eloquência, se a arrogância é o que se sabe oferecer?
Que adianta o alto desempenho, se a prepotência é a atitude conservada?
Que adianta a capacidade de organizar e desenvolver propostas e projetos, se a ausência de respeito e humildade fazem imperar o ranço podre do poder e do mandonismo?
Que adianta a capacidade de empreender, se não aprendo a exercitar a lição da coletivização das competências dos que me cercam, pois afinal, o ignóbil status de estrela solitária precisa sobressair?
Que adianta a performance de excelência em resultados, se encimesmado, subjugo a ética e violento a honestidade e a integridade dos seres que perfilam ante a minha avidez por dividendos?
Não é pela licenciosidade que a autonomia do pensar e do ser será construída. Ao contrário, será por meio da aflorada criticidade e capacidade de transitar, respeitosa e sabiamente, nas diferenças. Caso contrário, ainda que eu me considere um esplêndido profissional, a grande verdade é que não passarei de um medíocre, submisso, subserviente e descartável escudeiro de outros interesses.
Então, peço a cada um de vocês, que aguerridamente alcançaram a formação que agora saboreiam:
1- Nunca se esqueçam da grande lição de pertença que ensinaram;
2- Jamais se afastem dos princípios que norteiam suas vidas;
3- Em hipótese alguma ignorem a história de vida que constróem, dia após dia, com verdade, ética e justiça.
Obrigado por me ensinarem tanto! Fica o convite de Sabino: construir escadas e pontes para os grandes encontros que a vida oferecerá! 
Eu me orgulho muito, mas muito, de cada um de vocês!
Um grande e enorme beijo no coração de cada um!
Sejam muito felizes!

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