Metáfora
Uma
terrível serpente cascavel andava atacando, sem nenhum aviso, com sua picada
fatal, as pessoas que passavam pela estrada principal de uma aldeia.
Reunidos
em comissão, os habitantes do lugar foram pedir a ajuda de um mestre para se
defenderem da ferocidade do animal.
O
mestre foi até a serpente e conseguiu fazer com que ela o ouvisse. Falando
durante longo tempo, o respeitável homem fez ver ao animal a violência dos seus
atos que tantas mortes desnecessárias já haviam causado.
Seus
argumentos a favor da paz foram tão firmes e profundos que tocaram o coração da
serpente, fazendo com que uma nova luz brotasse na sua consciência.
Desde então, ela se transformou numa outra criatura, totalmente devotada à causa da convivência harmoniosa entre todos os seres.
Desde então, ela se transformou numa outra criatura, totalmente devotada à causa da convivência harmoniosa entre todos os seres.
Entretanto,
logo, logo, os aldeões se esqueceram completamente da antiga ferocidade do
animal e começaram a debochar do seu novo estilo de conduta, considerando-o não
como prova de crescimento e evolução, mas de fraqueza.
-“De
que adianta ter presas, se a cobra é covarde demais para usa-las?", diziam às risadas, enquanto
lhe atiravam pedras tentando acintosamente provoca-la.
Um dia, depois de passar algum tempo nessa vida de não violência, cheia de feridas no corpo e na alma com as pedradas das suas antigas vítimas em potencial, a serpente arrastou-se até a casa do mestre para queixar-se com ele da sua situação.
Um dia, depois de passar algum tempo nessa vida de não violência, cheia de feridas no corpo e na alma com as pedradas das suas antigas vítimas em potencial, a serpente arrastou-se até a casa do mestre para queixar-se com ele da sua situação.
-
Quando fui tocada pelas suas palavras, renunciei a toda forma de violência e
desde então tenho vivido de modo pacífico e amistoso com todas as outras
criaturas. Mas como abandonei a minha agressividade, deixei de ser temida, e
assim todos me desprezam e batem e em mim, sabendo que eu não reagirei de
maneira alguma. O que o senhor tem a me dizer a respeito disso?
- O
que eu tenho a lhe dizer é bem simples, respondeu-lhe o mestre. Você
ainda não aprendeu a não ser violenta pois, para não agredir os demais, acabou
se violentando e se deixando violentar. Eu lhe mostrei que você deveria
renunciar ao uso das suas presas e do seu veneno. Mas não lhe disse em nenhum
momento que você devesse abrir mão do seu chocalho...
Muitas vezes, em
nome de estabelecer uma suposta paz
nas minhas relações, de não invadir o espaço do outro,
de ser amável e cortês com todos os demais,
eu acabo renunciando ao meu próprio espaço existencial,
tornando-me alvo imediato da agressividade alheia.
nas minhas relações, de não invadir o espaço do outro,
de ser amável e cortês com todos os demais,
eu acabo renunciando ao meu próprio espaço existencial,
tornando-me alvo imediato da agressividade alheia.
Então, de
perseguidor, eu passo a vítima,
experimentando na própria pele
todos os sofrimentos que eu havia imposto aos outros.
experimentando na própria pele
todos os sofrimentos que eu havia imposto aos outros.
Para não ser violento
com os outros
- nem permitir que os outros sejam violentos comigo -
- nem permitir que os outros sejam violentos comigo -
devo ter bem claro
os limites
entre os meus
direitos
e os meus deveres para com o próximo
e os meus deveres para com o próximo
entre o meu próprio
território e o território do outro
entre agressividade e auto-preservação
entre obter o respeito ou o medo das outras pessoas.
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