segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ausências...


"Perdão", de Leom

Quando eu pensava que já poderia retomar o blog, depois de um tempo afastado, por conta de outros tantos tropeços na estrada, eis que sou surpreendido por impedimentos técnicos... Pois é! Tento ser o mais organizado possível, na minha desorganização cotidiana, em relação ao conteúdo do Caminhar & Ruminar. No meu notebook as pastas são dispostas de forma a facilitar e a memória de tudo é devidamente organizada. Por isso mesmo, durante minha ausência, as postagens puderam cumprir o cronograma pensado, mesmo porque, já havia estabelecido o compromisso de publicar as "Imagens que Falam"! 

Coincidentemente as imagens se misturaram ao cotidiano e o cotidiano nelas. Assim, vencido esse processo, já me preparava para retomar as outras publicações e os tão necessários comentários. Penso que os comentários constituem-se extremamente relevantes e de significância vital para quem deseja manter um blog e entranhar nas teias da mútua pertença, ainda que matizadas pela virtualidade.

O fato é que o meu notebook resolveu "se mandar" e "trancou-se" num mundo desconhecido para este usuário. Não abre mais. Não me permite acessar as informações. E o mais complicado ainda é que era um notebook corporativo, onde mesclava o uso doméstico e profissional. Fui salvo por uma outra coincidência, que é um pen drive, onde alguns poucos conteúdos puderam ser recuperados.

Não bastasse isso, a minha internet residencial resolveu também ficar inoperante. Enfim, o acúmulo de viagens e questões de ordem profissional só fizeram complicar, ainda mais, o caos.

Espero, para os próximos dias, poder recuperar o HD e assim retomar a "deliciosa" convivência, na mutualidade dos encontros. Pedindo perdão, pela demorada ausência, mas crendo na brevidade das soluções reclamadas, ofereço-lhes um texto que é atribuido a Kalil Gibran.

A ROSA
Kahlil Gibran
Havia num bosque isolado uma bonita violeta que vivia satisfeita entre suas  companheiras. Certa manhã, levantou a cabeça e viu uma rosa que se balançava acima dela,  radiante e orgulhosa. Gemeu a violeta, dizendo: "Pouca sorte tenho eu entre as flores! Humilde o  meu destino! Vivo apegada à terra, e não posso só levantar a face ao sol como fazem as  rosas." A natureza ouviu, e disse à violeta: "Que te aconteceu, filhinha?  As vãs  ambições apoderaram-se de ti?"
- "Suplico-te, ó Mãe poderosa", disse a violeta. "Transforma-me numa rosa, por um dia só que seja".
- "Tu não sabes o que estás pedindo", retrucou a natureza. "Ignoras o que se  esconde de  infortúnios atrás das aparentes grandezas."
- "Transforma-me numa rosa esbelta e alta", insistiu a violeta. "E tudo o  que me acontecer será a conseqüência dos meus próprios desejos e aspirações."
A natureza estendeu a mão mágica e a violeta tornou-se uma rosa suntuosa. Na tarde daquele dia, o céu escureceu-se, e os ventos e a chuva devastaram o  bosque. As árvores e as rosas foram abatidas. Somente as humildes violetas escaparam ao massacre. E uma delas, olhando em volta de si, gritou às companheiras:
-"Hei, vejam o que a tempestade fez das grandes plantas que se levantavam com orgulho e impertinência."
Disse outra: "Nós nos apegamos à terra; mas escapamos à fúria dos furacões."
Disse uma terceira: "Somos pequenas e humildes; mas as tempestades nada  podem contra nós."
Então a rainha das violetas viu a rosa que tinha sido violeta, estendida no  chão como morta. E disse:
- "Vejam e meditem, minhas filhas, sobre a sorte da violeta que as ambições  iludiram. Que seu infortúnio lhes sirva de exemplo!"
Ouvindo estas palavras, a rosa agonizante estremeceu e, apelando para todas  as suas forças, disse com voz entrecortada:
- "Ouvi, vós, ignorantes, satisfeitas, covardes. Ontem, eu era como vós,  humilde e segura. Mas a satisfação que me protegia também me limitava. Podia continuar a viver  como vós, apegada à terra, até que o inverno me devolvesse em sua neve e me levasse  para o silêncio eterno sem que soubesse dos segredos e glórias da vida mais do que as inúmeras  gerações de violetas, desde que houve violetas. Mas escutai no silêncio da noite e ouvi o mundo  superior dizer a este mundo: o alvo da vida é atingir o que há além da vida. Pedi então à natureza - que nada mais é do que a exteriorização de nossos  sonhos invisíveis - 'transforma-me em rosa'. E a natureza atendeu ao meu desejo. Vivi uma hora como rosa. Vivi uma hora como rainha. Vi o mundo pelos olhos  das rosas. Ouvi a melodia do éter com o ouvido das rosas. Acariciei a luz com as  pétalas das rosas. Pode alguma de vós vangloriar-se de tal honra? Morro agora, levando na alma o que nenhuma violeta jamais experimentara. Morro sabendo o que há atrás dos horizontes estreitos onde nascera, por que  é esse o alvo da vida."

 

8 comentários:

  1. A fala da violeta-rosa é emocionante, dramática... me fez lembrar Scarlet O'Hara... rs
    É... de um jeito ou de outro, cada um a seu modo, todos queremos atingir nossos limites e conhecer um outro lado da vida, mesmo que para isso tenhamos que deixar a segurança e o conforto de não ousar.
    Tomara que logo as coisas voltem a sua normalidade pra vc e, quando isso acontecer, passe lá no Chocolate, tá?
    Beijokas.

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  2. Mais uma vez temos o prazer de convidar os nossos amigos para participar de nosso Concurso Literário. Nosso maior objetivo é a interação e levá-los a se inspirar e a expressar através das palavras o que o momento despertar em seu coração. Então em nome do Amor e da Caridade, estamos lançando o nosso: 2º Concurso Literário – Tema: Então é Natal...
    Contamos com a sua presença!
    Um abraço carinhoso

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  3. Gilmar, meu amigo, quantas coisas. Parece que muitas vezes tudo acontece, por mais que nos organizemos. Espero que consiga recuperar seus arquivos e que consigas resolver tudo.
    Um grande beijo

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  4. As sincronias da vida: hoje pela manhã lia Salim Miguel, um catarinense que escreveu sobre a memória, a família, o Brasil, e para isso contou a história do seu pai que amava Gibran e Khayyam, entre outros. E fiquei com a poesia citada na cabeça. E veio você, com a sua escolha tão próxima. Então, comemoremos. Abraços.

    "Tão cedo passa tudo quanto passa!

    Morre tão jovem ante os deuses quanto

    Morre! Tudo é tão pouco!

    Nada se sabe, tudo se imagina.

    Circunda-te de rosas, ama, bebe

    E cala. O mais é nada."

    Grande abraço.

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  5. Oi Gilmar!

    Imagino que não deva estar sendo nada fácil esse momento que vc está vivendo, mas como tudo passa, fique tranquilo!

    Espero que isso não atrapalhe a postagem do amigo secreto dia 12,
    qualquer contratempo favor me avisar para que eu possa tomar as providências, ok?!

    Fico daqui torcendo para que o tempo nos devolva nosso amigo Gilmar em plena forma..rs

    Abraços,

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  6. Oieee, revelação do amigo secreto chegando...quem será?????

    Vai dar tudo certo Gilmar!
    Beijossssssssss

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  7. Hey Gilmar!!!
    ótimos textos!!!
    Parabéns pelas escolhas! Inspiradores mesmos!
    beijocas,
    Mari

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  8. Oieee, dia 12 esta chegando para ter a revelação do amigo secreto, quem seráaa? Beijoos :**

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