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O poeta Vinícius de Moraes, morando em Itapoã, Salvador,
enviou petição rimada ao prefeito Cleriston Andrade, através das páginas do
jornal "A Tarde", clamando:
Prefeito Cleriston Andrade,
a quem não conheço,
quero tomar a liberdade
que eu nem sequer sei se mereço
de vir pedir-lhe, em causa justa,
um obséquio que seu favor
muito me honraria (e pouco custa)
ao Prefeito de Salvador.
Existe ali no principado
livre e autônomo de Itapoã
uma ruazinha que sem embargo
pertence a sua jurisdição
uma rua não sem poesia
e cujo título é dar teto
a uma das glórias da Bahia:
o governador Calazans Neto.
Dizer do estado desta ruela
(das Amoreiras) eu não arrisco
porque, sem esgotos, correm nela
rios de * valha-me o asterisco.
E isso é uma pena, Senhor Prefeito,
pois Calazans e sua gravura
têm cada dia mais procura
de fato como de direito:
o que constrange os visitantes
com boa margem de estrangeiros
é, entre gravuras fascinantes,
ver quadros nada lisonjeiros.
Calce essa rua, Senhor Alcaide,
e eu lhe garanto que algum dia
"pro domo sua", esta cidade
o há de lembrar com mais valia.
Na expectativa de que acorde
um novo "cumpra-se sem mais"
aqui se assina, muito ex-corde,
seu Vinícius de Moraes.
Vinícius de
Moraes. Petitório, in Revista Visão. 24/12/73
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