O
sistema educacional brasileiro, antagônico e fragmentado, que impera e
predomina “patrioticamente” na prática das ações de sala de aula, é sem dúvida
alguma o grande responsável pela acentuada desvalorização do educador.
O
professor tornou-se apenas o coadjuvante de pouca significância, perdendo sua
importância social, técnica e política, ante a modernidade globalizante,
resultado de paradigmas traçados ao sabor da inculcação hegemônica e dominante,
num país que ainda se arrasta rumo a propostas efetivamente sérias e
inovadoras.
Aliada
a esta circunstância político-ideológica, numa relação de mútua
interdependência, coloca-se a questão da precariedade das condições de trabalho
dos profissionais de educação. É lamentável este quadro caótico, de
desrespeito, de desvalorização, de baixa remuneração e de condições mínimas de dignidade.
E o
educador resigna-se, ante à pressão, mas aceita o simples papel de executar os
planejamentos tecnocráticos, formulados pela insensatez dos olhos fechados à
realidade.
Por
outro lado, o hábito de transferir ao educador toda culpa e responsabilidade
pelo fracasso da educação nacional, constitui-se então desculpa “esfarrapada”
de uma elite mercenária do saber, que fustiga e oprime quaisquer levantes
coletivizados que ousem erguer-se nesse confronto social.
O
reflexo é imediato nas relações pedagógicas traçadas no interior da sala de
aula. Ali as deturpações são espantosas, onde vivências coercitivas redundam na
formação carregada de estereótipos e fragilidades. O educando, na sua
inocência, ao ler as questões sociais, o fará na intensidade do saber
“recebido”, visto que esta leitura indubitavelmente depende da qualidade da
visão educacional construída e a
educação tem como arcabouço os valores culturais que regem a sociedade.
Urge
mudanças. “A boa relação pedagógica que resulta em verdadeiro aprendizado, em
autonomia moral e cognitiva para os ocupantes dos dois pólos da relação, depende das relações
democráticas, de respeito mútuo, de cooperação e não de dominação”(FREITAG,
Barbara). Caso contrário, haveremos de sofrer intermitentes avanços e
retrocessos, súbitas conquistas e derrocadas, pois a inconsistência das ações
está pautada à subserviência, à submissão, no sentido de classe desencontrada e
competitiva. É preciso pois libertar-se da tutela do sistema e do próprio
individualismo.
As
preocupações e questionamentos são salutares à dinamicidade que a educação
requer; são imprescindíveis para uma retomada de consciência e revalorização do
educador, de cuja formação depende as transformações.
A
questão da formação perpassa pois todos os ângulos abordados, numa gestação
contínua, fazendo “vidas” cada dia mais indagadoras e em busca de uma possível
completude. Que nunca virá, mas será perenemente buscada.
É
por isso que Rubem Alves diz que “a
tarefa do professor não é produzir, mas seduzir”.
Que
haja então sedução!!
Texto elaborado na disciplina PMTSE. Curso Pedagogia. Anos 96/97.
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