Meus Rabiscos
Mexericos: não passe adiante!
Quando esse “piche” de imundícies impregna as mãos é porque o resto já foi tomado pela maldade.
“Mexerico” é maldade alcançando o outro. É maldade infernizando a
sobrevivência do outro. É inveja porcamente incrustada, revelando
máscaras doentias de maldade.
É... e quem tem um bom coração, por vezes, é alcançado pela maldade.
Talvez porque anda sempre desarmado. Talvez porque a magnanimidade lhe
habite a alma.
Sabe a sensação de sufocamento? Pois é! “Mexerico” é isso! A vida clama
ser respirada, inteira e pura, mas o maldoso mexerico bloqueia as vias
respiratórias, faz faltar chão, doer o peito e sofrer horrorosas
sensações de desfalecimentos por insuficiência de ar!
E eu não dou conta de entender como a maldade se espalha. Não dou conta
de aceitar que um ser humano queira mal a outro, deseje o inferno ao
outro. Não dou conta de acolher a idéia de que o “olho gordo” manche a
vida do outro. Não dou conta de acatar que o “mau olhado” ofereça trevas
a corações límpidos e generosos.
“Mexericos” diferem de “Comentários Desagradáveis”. Enquanto o primeiro é
maldade real, é mal transferido para ser alojado no outro, cujas
defesas não estão de prontidão, o segundo é preso às palavras
intempestivas, nascidas das intempéries do cotidiano, machucam, mas não
“passam a morar”. Se no segundo a dialética do refazer e reconstruir
ainda é possível, no primeiro não!
“Mexerico” é a encarnação do mal, feito Medusa e seu olhar petrificante.
Em tempos atuais, os bocejos constantes, reclamando respiração
profunda, petrificam corações de bondade.
Preciso confessar minha repugnância à maldade que pode ser espalhada! É
tão mais fácil vibrar com o sucesso do outro! É tão mais íntegro olhar
com bondade a trajetória do outro! É tão mais correto o bem querer
gratuito! É tão mais cristã a atitude de servir e perdoar!
O “mexerico” da inveja, do mal querer, enfim, de todos esses males, só
faz revelar a podridão que reclama limpeza, o auto-holocausto a ser
extirpado, a pequenez a ser vencida.
O “piche”, tão viscosamente pegajoso, gruda para não sair fácil! A alma
adoecida pelo negrume faz adoecer o outro ser humano, impondo-lhe os
malefícios da ausência de Deus!
Tempo então de manter as mãos límpidas! Tempo de refletir propósitos de
vida! Tempo de convidar Deus a agir e pertencer na fé! Tempo de entrega
plena! Indescritivelmente plena!
Tempo de afetividade! Tempo de aprender!
Imagem: desconheço os direitos autorais.
Ela foi escaneada de um quadro encontrado "num armário de escola", sem maiores informações.
Se alguém souber a origem, por favor, me comunique!
Gostaria muito de dar créditos ao autor ou autora, pela relevância e significado da obra.
Publicado originalmente em 6 de novembro de 2010
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