terça-feira, 14 de julho de 2015

Palavras Desagradáveis

Meus Rabiscos




A imagem de hoje é forte! É como um eco do provérbio chinês: “há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”.

Comentários “desagradáveis” também se vestem de subjetividade, ficando  à “mercê” de nossa capacidade de absorção, ou ainda melhor, compreensão.

As distorções são normais, triviais até! Difícil é lidar com elas!

A Psicoterapeuta e Filósofa , Adriana Tanese Nogueira, do blog Psicologia Dialética, discute a questão dos “Maus, antipáticos e desagradáveis”, numa abordagem bem mais abrangente e sobre um outro viés, mas ainda assim, tomo emprestado dois “pedaços” de seus argumentos”.

“Ser acusados, na cara ou pelas costas, de sermos ‘maus, antipáticos e desagradáveis’ é algo que fere a autoestima de qualquer um, e tem o efeito de baixar nossa imunidade psicológica, tornando-nos alvos passivos de qualquer crítica, mesmo quando infundada. Essa experiência de rejeição explícita à nossa pessoa é como uma ferida aberta que facilmente se infecciona, debilitando-nos para reagir pronta e saudavelmente perante os acontecimentos da vida”.
“Quando as críticas externas são construtivas mas dolorosas, a  rebelião interior frequentemente representa a tenacidade do ego encardido que não dá o braço a torcer. Mas se a crítica externa for baseada em estereótipos e estiver voltada para a criação e manutenção de um monopólio que nos exclui, a voz interna é o grito sagrado de justiça e liberdade. Se o recalcarmos, transformamos a crítica em xeque-mate e permitimos estupidamente nossa derrota”.

Eu, particularmente, gosto do contraponto. Gosto de saber as outras versões e visões. Gosto da dialogicidade das diferenças. Então, reflexiva e empaticamente, proponho-me ao exercício do aprender a transigência. Dialogar com os limites aflorados.

Palavras ferem, é bem verdade! Machucam e dilaceram! Entretanto, em grande parte, talvez na maior parte das vezes, é porque encontraram no receptor algumas portas carcomidas pela fuligem, emperradas na autoestima e empobrecidas na madura consciência de si. Aí elas entram arrombando, fazendo um barulho ensurdecedor, sangrando fragilidades e cutucando, tantas vezes, a arrogância do revide frenético.

Então penso como  Eleanor Roosevelt quando diz que "ninguém pode fazer você se sentir inferior sem o seu consentimento", pois é isso que palavras desagradáveis podem provocar quando alguns “senões” não permanecem de plantão.

Por vezes nosso senso crítico se perde no desmensurado volume de informações e contrainformações que se impõem ao nosso cotidiano. Acometidos de tal ilegitimidade, as palavras não guardam o cuidado necessário e não mantém intactos os valores humanos, antes conservados. É nossa humana propensão ao equívoco. Quem nunca precipitou palavras?!

Não há receitas nem dogmas. Entretanto, cabe sim o exercício de maturação de si mesmo, numa prática revisionista de posturas e compreensões. Por exemplo, é preciso aprender a eliminar os preconceitos morais, éticos e sociais, sem o que, não haverá a compreensão plena do sentido de liberdade. É preciso respeito ao ponto de vista do outro. E é preciso, dentre tantas e tantas atitudes saudáveis às relações interpessoais, valorizar sempre os aspectos positivos da natureza individual, sem com isso ameaçar a intimidade dos outros ou paternalistamente encobrir os defeitos.

E, para concluir, dizem que há sempre três lados numa discussão: o seu, o meu e o lado de quem está certo. Aqui ainda cabem incontáveis argumentos... Um dos propósitos da imagem é mesmo esse inconcluso despertamento...

É a vez do seu lado se pronunciar... Fique à vontade!


Imagem: desconheço os direitos autorais. 
Ela foi escaneada de um quadro encontrado "num armário de escola", sem maiores informações.
Se alguém souber a origem, por favor, me comunique! 
Gostaria muito de dar créditos ao autor ou autora, pela relevância e significado da obra.
Publicado originalmente em 30 de outubro de 2010

8 comentários:

  1. Olá, Gilmar
    palavras são para serem ditas, ouvidas e tiradas proveito... sejam quais forem... se jogam no reseratório se não nso forem úteis mas sempre tem algo a extrair de bom... Usar mal a palavra é atirá-la, sordidamente, a fim de ofender... não cumprem a sua função primordial que é o diálogo...
    Abraçofraterno

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    1. Verdade, Rosélia! E o diálogo é a humanização que cabe à palavra cumprir... Fraterno abraço!

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  2. Amigo eu não concordo com a amiga Roselia, temos de ter cuidado com o que dizemos, mesmo tendo razão, pois como disse as palavras ditas não voltam a trás, vale mais o bem fiz eu, do que se eu soubesse. Há muitos mal entendidos por não se medir as palavras, e há muitas formas de as preferir.
    Gostei do texto.
    Abraço.

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    1. Antônio, penso que o que Rosélia disse é bem isso, ou seja, "usar mal a palavra é atirá-la, sordidamente..." ao nada. E, de fato, por vezes escolhemos intempestivamente, desmedidamente... Daí machucamos e fazemos doer, no outro e em nós (quando a consciência vive...). É o humano aprendizado... Fraterno abraço!

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  3. As intenções movem as pessoas. Além da palavra é descobrir qual o motivo da ofensa. Se for gratuita, não a allimente. Melhor a não palavra. As discussões muitas vezes servem para piorar, pois é no silêncio que a reflexão se dá.
    Beijus,

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    1. Que coisa boa você por aqui, Luma! Freire diz uma coisa interessante: "...dou a impressão de que aceito hoje a condição de silenciado para bem lutar, quando puder, contra a negação de mim mesmo". A não palavra, como bem pontuou, também é significa enfrentamento e não aceitação. E o silêncio, por vezes, é porta que se abre convidando a sensatez para a moradia apaziguada. Fraterno abraço!

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  4. Boa tarde! O silêncio a melhor arma,e falar com Deus principalmente.
    Quando percebo que ha algo que não consigo resolver,algo que ñ existe explicação,um diálogo, entrego nas mãos de Deus.Ele o meu difusor de águas,águas cristalinas.A resposta calma desvia a fúria,
    mas a palavra ríspida desperta a ira.
    Provérbios 15:1,melhor esperar em Deus..

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    1. Pois é, Célia! Deus, em sua infinita benevolência e sabedoria, provê nossos passos, derrama luz sobre nossas escolhas e nos fortalece o discernimento... Aí damos conta de desarmar e apaziguar os ânimos. Damos conta de humanizar nossas escolhas... Seja sempre bem-vinda! Fraterno abraço!

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Fique à vontade!
Os comentários têm a função precípua de precipitar a maturação da reflexão, do texto “apossado”. É um ponto de partida, sem o ponto de chegada. É o exercício da empatia no rompimento do isolacionismo, posto que, tudo está conectado. É a sua fala complementando a minha. Por isso mesmo fique à vontade para o diálogo: comentar, concordar, discordar, acordar...