quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O Pacote de Bolachas

Metáfora
Uma moça estava à espera de seu voo, na sala de embarque de um grande aeroporto. Como ela deveria esperar por muitas horas, resolveu comprar um livro para aproveitar o tempo. Comprou, também, um pacote de bolachas. Sentou-se numa poltrona, na sala VIP do aeroporto, para que pudesse descansar e ler em paz.

Ao seu lado sentou-se um homem. Quando ela pegou a primeira bolacha, o homem também pegou uma. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada. Apenas pensou: "Mas que cara de pau! Se eu estivesse mais disposta lhe daria um soco no olho e ele nunca mais se esqueceria!!!"

A cada bolacha que ela pegava o homem também pegava outra. Aquilo a deixava tão indignada que não conseguia nem reagir. Quando restava apenas uma bolacha, ela pensou: “Ah. O que será que este abusado vai fazer agora?"

Então o homem dividiu a última bolacha ao meio, deixando a outra metade para ela.

Ah!!! Aquilo era demais!!! Ela estava bufando de raiva! Então, ela pegou o seu livro e as suas coisas e se dirigiu ao local de embarque.

Quando ela se sentou, confortavelmente, numa poltrona, já no interior do avião, olhou dentro da bolsa para pegar uma caneta e, para sua surpresa, o pacote de bolachas estava lá... Ainda intacto... Fechadinho!!!

Ela sentiu tanta vergonha! Só então ela percebeu que a errada era ela, sempre tão distraída! Ela havia se esquecido que suas bolachas estavam guardadas, dentro da sua bolsa. O homem havia dividido as bolachas dele sem se sentir indignado, nervoso ou revoltado, enquanto ela tinha  ficado muito transtornada, pensando estar dividindo as dela com ele. E já não havia mais tempo para se explicar... nem para pedir desculpas!

Quantas vezes, em nossa vida, nós é que estamos comendo as bolachas dos outros e não temos a consciência disto? Antes de concluir, observe melhor! Talvez as coisas não sejam exatamente como você pensa! Não pense o que não sabe sobre as pessoas.  Existem quatro coisas na vida que não se recuperam: a pedra, depois de atirada; a palavra, depois de proferida; a ocasião, depois de perdida  e o tempo, depois de passado.

sábado, 21 de novembro de 2015

Memorando Interno


Humor

O Memorando Interno, em letras garrafais, repassado a todos os funcionários,  anunciava uma nova medida naquela empresa:


Recomendamos a todas as mulheres da empresa, que ao solicitar xerox através de bilhetes, que o façam com propriedade e com frases completas. A grande maioria dos bilhetes recebidos têm causado alguns problemas aos nossos colegas de trabalho, colocando em risco, inclusive a paz nos seus lares, quando por acaso esquecem os bilhetes nos bolsos de suas roupas. A título de exemplo, transcrevemos algumas dessas solicitações de cópias:


1) Márcio, seja bonzinho... faça igual a última vez... please!

2) Joãozinho... quero quatro rapidinhas!

3) Zeca, hoje eu tenho que ser a primeira, porque estou mais necessitada...

4) Toninho, tira o mais rápido possível, porque o gerente também vai querer!!

5) Paulo, quero dos dois lados e presta atenção, atrás tem que caber tudo, viu?

6) Pedrinho, por favor... coloca na frente pra mim... vai??

7) Gil, presta atenção, estou muito angustiada... estou atrasada!

8) Robson, por favor, devagar, com carinho, porque quero bem feito.

9) Edu, cuidado! É comprido e largo... posicione direito para que não fique nada de fora, hein?

10) Alex, será que dá pra entrar no meio sem que ninguém perceba e tirar uma rapidinha?


segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Uma Carta

Outros Autores

Não raramente, folheando jornais velhos encontramos coisas curiosas. Ainda agora, passando os olhos sobre um número do "Jornal des Devats", de muitos anos passados, lemos uma circunstância notícia sobre um documento interessante encontrado na biblioteca dos lazaristas em Roma. É uma carta dirigida a César, por Plubius Lentulos, governador da Judeia predecessor de Poncio Pilatos; ou antes, como definiu o "Jornal", a ficha de Jesus Cristo redigida na época em que o Salvador começava as suas prédicas.

A título de curiosidade reproduzimos o importante documento que, uma vez posto fora de dúvida como foi, sua autenticidade constitui decerto o mais precioso texto que nos podia ser transmitido pela antiguidade:

"O Governador da Judéia,Publius Lentulos, ao César Romano:

—Soube, oh César! que desejavas informações acerca desse homem virtuoso que se chama Jesus Cristo, que o povo considera um profeta e os seus discípulos o filho de Deus, criador do céu e da terra.

Com efeito, César, todos os dias se ouvem contar dele, coisas maravilhosas. Numa palavra, ele ressuscita os mortos e cura os enfermos. É um homem de estatura regular, em cuja fisionomia se reflete tal doçura e tal dignidade que a gente se sente obrigada a amá-lo e a temê-lo ao mesmo tempo.

A sua cabeleira tem, até as orelhas, a cor das nozes maduras e daí até os ombros tinge-se de um louro claro e brilhante; divide-a uma risca ao meio, à moda nazarena, a sua barba da mesma cor da cabeleira é encaracolada, não longa e também repartida ao meio. Os seus olhos severos tem o brilho de um raio de sol, ninguém o pode olhar em face. Quando Ele acusa ou verbera inspira o temor, mas logo se põe a chorar. Até nos rigores é afável e benévolo. Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas muitas vezes derramar lágrimas. As suas mãos são belas como os seus braços. Toda a gente acha a sua conversação agradável e sedutora. Não é visto amiúde em público, e quando aparece apresenta-se modestíssimamente. O seu porte é muito distinto. É belo. Sua mãe é, aliás, a mais bela das mulheres que já se viu neste país. Se o queres conhecer, oh César, como já uma vez me escreveste, repete a  tua ordem e eu to mandarei.

Se bem que nunca houvesse estudado, esse homem conhece todas as ciências. Anda descalço e de cabeça descoberta. Muitos riem quando ao longe o enxergam; desde que, porém, se encontram em face Dele tremem e admiram-no. Dizem os hebreus que nunca viram um homem semelhante, nem doutrinas iguais às suas. Muitos creem que Ele seja Deus, outros afirmam que é teu inimigo, oh César. Diz-se ainda que Ele nunca desgostou ninguém, antes se esforça por tornar toda a gente venturosa."



Publicado originalmente no "Correio da Manhã", em maio de 1916, com a colaboração de Raul A. Brasil. 
Republicado no "Almanaque Goulart", página 42, em janeiro de 1959.



segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O Matuto Zé da Prosa

Meus Rabiscos



Aquele matuto, o Zé da Prosa, era mesmo "treteiro". Gostava de uma boa mentira. E qualquer "causo" era sempre aumentado. Não tinha jeito com ele. Fosse o que fosse, ele tinha sempre uma boa história para contar. Coisa errada? Jamais admitia que errava ou que cometia qualquer engano, qualquer desventura sofrida.

Os amigos da turma buscavam, de qualquer jeito, uma forma de aprontar uma pegadinha, mas o Zé sempre dava um jeito de sair por cima. Ele era muito esperto.

Por conta disso foi armada uma pegadinha pelo Tibúrcio, matuto de voz grave, bigode enorme e branquinho, os fios rebeldes, já faziam volta no queixo e cresciam prá cima. O cabelo branco não dava conta de esconder o "moleque arteiro" que ainda vivia naquele matuto "tinhoso".

Sô Tibúrcio então combinou com a turma de levar o Zé da Prosa para a fazenda. Eles iriam jogar truco, tomar umas cachaças, cozinhar joelho e pé de porco e, se desse tempo, ainda pescar.

E assim fizeram! Noite de sábado, lua bonita, enchendo o céu de briho, quase ofuscando as estrelas, e lá estavam eles, na fazendo do Sô Tibúrcio.

Enquanto o joelho de porco cozinhava, outros aperitivos foram preparados. Jogaram algumas partidas de truco e, lá pelas tantas, o Zé da Prosa começou com seus casos:

- Gente, ocêis num imagina o susto que eu levei dia desses, quando tava vortando prá casa de bicicreta. Tinha um risco branco, marcando a estrada, de fora a fora. Eu pensei que era até assombração. Mas dipois, fui matutando, matutando e discubri o pobrema.

Ele nem parava de cortar o fumo, ia aparando a palha, moendo o fumo com os dedos e passando a palha na boca. E continuava assim mesmo, com aquela voz mansa, arrastada. Já era engraçado só ouvir a voz do Zé, imagina então contando caso. E ele continuava.

- Eu tinha saído da venda do Nonô com um saco de açucar e tinha que subi a serra prá vortá pra casa.  A bicicreta num tinha garupa e o jeito foi ajeitá o saco no cano e no guidom. E lá eu fui, pedalano a bicicreta. As perna já tava dueno dimais, mais num pudia disisti. Pricisava chegá em casa e a noite já tava chegano. Lá praquelas bandas tem muita onça, se bobiá, o bicho mata mesmo. Mais intão eu subi um morrinho e a istrada istreitava. Vinha um tratô e prá saí fora do bitelo, eu juguei a bicicreta no barranco e saí arrastano o barranco, mato e raiz, até o tratô passá. Isfolei o braço, mais num pudia pará não. Tava ouvindo uns miado isquisito. Paricia que a onça tava chegano. Aumentei as pedalada. E no que aumentei as pedalada, a bicicreta foi ficano mais leve e quanto mais leve ficava, mais dipressa eu andava. Peguei um carrerão e subi um morro num fôlego só. Pricisava vê, sô! Quando eu cheguei lá em cima, já quais em casa, parei um tantinho pra respirá. No que oiêi prá tráis, vi um risco branco, branquinho na istrada. Achei que era o tar do etê me siguino ou intão uma assombração das mais cumprida. Gente, muntei na bicicreta di novo, apertei a pedalada e só fui pará na portêra de casa. E a bichinha tava andano era muito dipressa. Quando eu oiêi, o risco tinha diminuido, tinha afinado, mas fui caçá o saco de açucar, cadê... Tinha sobrado só um tiquinho dele. Acho que na istripulia do barranco, o saco furô e foi sortano o açucar. E eu pensano que era os tal dos etê ou assombração!

Aí o Tibúrcio torceu o bigode. Esse Zé inventa cada uma, pensava ele. Resolveu então colocar o plano em ação. É hoje que pego esse sujeitinho! Assim o Tibúrcio repetia aos amigos.

Ele já sabia que o Zé não gostava de pescaria à noite. Morria de medo de cobras e onças. E mais! Sabia também que ele adorava tomar leite de vaca! Então deixou tudo preparado. Chamou a turma, pegaram as varas e foram ao açude pescar alguns bagres e traíras. E por lá ficaram um pouco mais de uma hora.

Já de volta, depois de limpar as traíras e os três bagres, a turma se ajeitou para retomar o jogo. O Tibúrcio encheu duas travessas de biscoitos de polvilho e pão de queijo. E chamou:
- Ô turma! Vamo cumê umas merenda aqui, tomá um cafezinho cum leite prá gente aguentá esperá o cuzido e forrá o estômago.

A turma, já no conluio com o Tibúrcio, se juntou à mesa. E o Tibúrcio, ao pegar a vazilha de leite para servir, fingiu olhar dentro e foi logo falando:
- Uai Zé! Ocê tomou o leite que tava aqui sô?! Tomou quase a metade! Nossa Senhora, sô!

O Zé da Prosa, no jeitão dele de não admitir qualquer malfeito, foi logo discordando:
- Ô Tibúrcio! Eu num tomei não sô! Ocê deve de tá inganado, purquê num divia de tê esse leite todo aí na travessa não! Ocê deve de tá inganado! Eu num tomei não, pode aquerditá!

E o Tibúrcio pensou: é agora Zé! E já foi dizendo, com ar de alívio:

- Ô Zé, ainda bem sô! Nossa Senhora! Eu fiquei foi preocupado dimais. Tem andado uns bicho por aí, não sei se é gato ou rato, ou o que é, uma tropa deles e os bichano tem comido de tudo aqui. Eles num respeitam mesmo. Aí, sô, eu resolvi botá um veneno no leite, prá vê se acabo com essa cambada de bicho que come o que num deve. E eu deixo sempre a travessa lá na pia, com o leite.

Nisso o Zé já estava de olhos arregalados, mas não abriu a boca e nem deu o braço à torcer. E o Tibúrcio continuava:
- E eu esqueci de falá com ocê, ô Zé, que o leite tava preparado. E como ocê gosta de leite, Nossa Senhora, eu fiquei preocupado dimais. Achei que iria precisá de fazê um preparado aqui, prá cortá o efeito do veneno. Eu até já tenho pronto aqui, na garrafinha, só que  ia precisá fortalecê mais o preparado de raíz. Ainda bem sô! Quais morri de susto! Imagina se ocê virasse os olhos e começasse a sortá ispuma pela boca? Nossa Senhora, ia sê uma tristeza, Zé! Ocê num ia vivê muito mais não, só umas poucas horas.

Aí o Zé, já morrendo de medo, com os olhos arregalados, não sabia o que dizer. Não podia confessar. Então, meio sem jeito, mas espertalhão como sempre, foi logo emendando a fala do Tibúrcio:
- Ô Tibúrcio, se esse trem que ocê colocou no leite é tão marvado assim, intão eu acho melhó tomá um gole tamém, só prá previni, né mesmo?!

E lá foi o Zé. Avançou na garrafa do Tibúrcio, no maior desespero. E de uma só golada tomou metade do preparado da garrafinha. Tomou num fôlego só. Respirou e noutro fôlego, tomou o resto. E limpando a boca com a manga da camisa, arrematou:
- Num custa nada privini, né mesmo?!

A turma então caiu na risada!
- É Zé! Hoje ocê caiu na brincadeira! Sua mentira num deu certo, sô! Num tinha nada no leite não! Era só um jeito de te pegá na mentira!

E o Tibúrcio falou:
- E o pior, ô Zé, é que nessa garrafinha tinha um preparado com leite de magnésio! Ocê vai limpa as tripa tudo sô! Mas vai pensá milhó antes de falá mentira, né Zé?!

E cairam todos na risada. O pobre do Zé da Prosa passou a noite visitando o banheiro. Era uma correria prá lá e prá cá, a noite inteira. Era de dar dó o coitado gemendo de tanto fazer força. O Tibúrcio pensou que ele aprenderia a lição.

Aprendeu? Que nada! Alguns dias depois o Tibúrcio surpreendeu o Zé, numa roda de amigos, lá na pracinha da cidade, contando o caso:
_ ... Pois é gente, ocêis pode aquerditá. Eu tomei veneno de matá cobra, dessas bruta que tem por aí e num murri. Eu tinha um remedinho dos bão comigo. É um preparado de raíz que eu fiz, que cura quarqué coisa. O causo acunteceu assim...

O Tibúrcio balançou negativamente a cabeça, e apressou o passo resmungando:
- É... Esse num tem conserto mesmo! 
Publicado originalmente em 11 de julho de 2013

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Flor e família...

Metáfora
Flor de ouro



Havia uma jovem muito rica, que tinha tudo: um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que pagava muitíssimo bem, uma família unida.


O estranho é que ela não conseguia conciliar tudo isso, o trabalho e os afazeres lhe ocupavam todo o tempo e a sua vida estava deficitária em algumas áreas. Se o trabalho consumia muito  tempo, ela tirava  dos filhos, se surgiam problemas, ela deixava de lado o marido... E assim, as pessoas que ela amava eram sempre deixadas para depois... Até que um dia, seu pai, um homem muito sábio, lhe deu um presente: uma flor muito cara e raríssima, da qual havia um exemplar apenas em todo o mundo. E disse à  ela:


— Filha, esta flor vai te ajudar muito mais do que você imagina! Você terá apenas que regá-la e podá-la de vez em quando, ás vezes conversar um pouquinho com ela, e ela te dará em troca esse perfume maravilhoso e essas lindas flores.


A jovem ficou emocionada, afinal a flor era de uma beleza sem igual. Mas o tempo foi passando, os problemas surgiam, o trabalho consumia todo o seu tempo, e a vida, que continuava confusa, não lhe permitia cuidar da flor.


Ela chegava em casa, olhava a flor e as flores ainda estavam lá, não mostravam nenhum sinal de fraqueza ou morte, apenas estavam lá, lindas, perfumadas. Então ela passava direto. 


Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu. Ela chegou em casa e levou um susto! Estava completamente morta, suas raízes estavam ressecadas, suas flores caídas e suas folhas amarelas. A Jovem chorou muito e contou a seu pai o que havia acontecido.


Seu pai  então respondeu:


—Eu já imaginava que isso aconteceria,e eu não posso te dar outra flor, porque não existe outra igual a essa, ela era única, assim como seus filhos, seu marido e sua família. Todos são bênçãos que o Senhor te deu, mas você tem que aprender a regá-los, podá-los e dar atenção a eles, pois assim como a flor, os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver a flor lá, sempre florida, sempre perfumada, e se esqueceu de  cuidar dela. Cuide das pessoas que você ama!


E você? Tem cuidado das bênçãos que Deus tem te dado? Lembra-se da flor, pois como ela são as bênçãos do Senhor: Ele nos dá, mas nós é que temos que cuidar delas.