quarta-feira, 28 de abril de 2010

Remexendo o baú II

A idéia do blog nasceu depois de tantas idas e vindas, das inquietudes e das buscas que nunca param... Nasceu de olhares lançados, atentamente, ao Serendipities... Aliás, olhares apaixonados pela magia propiciada por Lena. Quantos encantamentos são permitidos por palavras tão habilmente “costuradas”!

Assim, nesse infindável começo, ainda sem definição do “caminho” a ser percorrido, continuo remexendo coisas. Aos poucos reencontrando... redescobrindo... relendo... revendo... redesenhando cenas. Aos poucos, longe de estigmas, dogmas, conceitos ou preconceitos, a estrada vai se revelando...

Então, até que o propósito seja definitivamente estabelecido, alguns rabiscos ressurgem, como o que se segue, que à época chamei de “Perfume”. Agora, podendo reler, liberto, os traços se confundem com passos de dança. Nada melhor que Al Pacino, em Perfume de Mulher, na mágica sensualidade dos movimentos, para exprimir inconfessáveis fragrâncias.



Perfume

Um dia o perfume vem acordar a vida que dorme, sonhando a esperança de vestir-se de alegria.

Já refeito do sonho, a lágrima teima em escapulir, sorrateira e infantilmente, para tornar-se então a mais fecunda emoção já contemplada.

É assim a vida! Ousada, protagoniza dramas existenciais fortes, mesclando e confundindo o trágico ao lírico.

E é justamente na intimidade desse desencontro que a imaturidade persiste ressurgir.

Doce encantamento!

Que certeza carrega o amanhã? Nenhuma senão o sentimento do qual seu “sentidor” é tomado e o qual não deve insistir em aprender, caso contrário, só fará espalhar pranto e dor.

Contudo, inexistem forças para gritar basta. O “basta” clama pela consciência, que já fragilizada, não pode mais ser retomada.

Ah, o coração... Mal sabe ele a inconveniência da dor que pode provocar...

O destino não é mesmo mágico...

O tempo, por sua vez, só faz amargar a vontade num vale sombrio de saudade.

Saudade do encontro que nunca chegou a ser, por isso o sonho se veste então de desencontro, pesadelo que perambula no infinito das turbulências de uma esperança que se esvai.

Nos seus mais íntimos solilóquios, o “sentidor” clama a saudade de um olhar lúcido...

Clama a vontade de uma voz serena, a calar profundamente a inquietude do coração...

Clama a vontade louca dos lábios maduros e seu gosto nunca antes provado, mas que parecem já tão conhecidos, como se nunca tivesse deixado de tê-los.

Clama a mulher de rara beleza, o ser humano que completa, que pode apaziguar incoerências; que pode amenizar incertezas; que ousa iluminar o inconcebível; que sabe sorrir o imponderável e que pode permitir sonhar o impossível.

São clamores que a verdadeira realidade sufoca.

Que pena! O destino não é mesmo mágico e contradize-lo não é justo e nem tão pouco aceitável!

Que pena!

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