Meus Rabiscos
Refaça-se, se preciso for, mas
não hesite em avançar caminho afora! E se não tiver uma roupa nova, incomode-se
não, dê uma sacudidela na camisa empoeirada e nem se importe com a calça puída,
calce qualquer coisa, até mesmo a velha e humilde sandália, para proteger os
pés dos pedregulhos e caminhe... caminhe sem hesitar!
E se os passos se mostrarem
lentos por conta de tanto peso nos ombros, preocupa não, o tempo de chegada não
importa tanto, vale mais a vontade não desvanecida e nem surrupiada por salteadores
das encruzilhadas. Ouse descansar...
Aproveite algumas sombras na
estrada para apaziguar o calor das intemperanças e ir deixando, pelos caminhos,
pedacinhos de suas próprias sombras, doídas e solitárias, reclames de luz não
escutados! Descubra que mesmo na noite tenebrosa mora o brilho que aponta
rumo... Escute, dessa vez!
Não se deixe guiar por lembranças
carcomidas, de tempos em que os passos se desencontravam das escolhas, de
perdas irrecuperáveis e sonhos de ingênuo aprendiz. Não importa mais! Agora
vale o que restou na bagagem! Há mais poeira, mas o percurso insiste nas
intempéries. Faça sol, faça chuva, frio ou calor, há de valer agora a melhor
parte daqueles passos e, com certeza, que ensina hoje a resiliência!
O horizonte transfigura-se, vestido
de um manto celestial sem igual... ele quer seduzir os olhos para alcançar a
alma imunda do pó da estrada... ele quer pintar propósitos visionários
multicores a revigorar o caminheiro... e propor outras escolhas: de enterrar, ao
pôr do sol, as entranhas machucadas e inaugurar, no amanhecer, uma nova
trajetória, um jeito novo de caminhar...
Aprenda a olhar quem vem, quem
vai, quem fica por um tempo, quem se impacienta ao encontrar, quem ternamente
está...Acolha, afetivamente, diferenças desconhecidas, levezas inimagináveis,
contrastes surpreendentes, verdades mutáveis e amor sem anúncios em letreiros!
Renove a disposição e, se preciso for, refaça-se, mas não hesite em continuar a
caminhar... Caminhe sem hesitar!
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Os comentários têm a função precípua de precipitar a maturação da reflexão, do texto “apossado”. É um ponto de partida, sem o ponto de chegada. É o exercício da empatia no rompimento do isolacionismo, posto que, tudo está conectado. É a sua fala complementando a minha. Por isso mesmo fique à vontade para o diálogo: comentar, concordar, discordar, acordar...