sábado, 25 de junho de 2016

Vida de Grupo

Outros Autores
Vida de grupo tem:
  • Alegria, riso aberto, contentamento, folia, concentração.
  • Medo, dor, choro, conflito, perdição, desequilíbrio, hipótese falsa, pânico.
  • Entendimento, diferenças, desentendimento, briga, busca, conforto.
  • Silêncios, fala escondida, berro, fala oca, fria, fala mansa.
  • Generosidade, escuta, olhar atento, pedido de colo.
  • Ódio, decepção, raiva, recusa, desilusão.
  • Amor, bem querer, gratidão, afago, gesto amigo de oferta.

Vida de grupo dá muita ansiedade
  • quando não recebo o produto do conhecimento mastigado, pronto, pelo educador.
  • Ele faz mediações com o objeto a conhecer, e se eu, saindo com meu reboliço, meu furacão interno (uterino?), minhas frustrações, ansiedades, POSSO CONSTRUIR no meu silêncio-fala interna, minha sistematização. Depois, novamente voltando ao grupo, posso checá-lo, provocando um aprofundamento da mesma, ou não...

Vida de grupo dá muita frustração
  • Porque, enquanto educando, tenho de romper com meu acomodamento quieto, autoritário... esperando "as ordens" do educador... e quando elas não vem, descubro que SÓ EU posso LUTAR-CONQUISTAR, CONSTRUIR, meu ESPAÇO...
  • O educador pode possibilitar o rompimento da quietude, mas NÃO A AÇÃO DO CONSTRUIR, do conhecer. Essa só o educando pode.

Vida de grupo dá muito medo
  • Porque através do outro constato que sou "dono" do meu saber (e do meu não saber). Sou dono da minha incompetência, e portanto, RESPONSÁVEL pela minha BUSCA-PROCURA de conhecer, de construir minha competência.

Vida de grupo dá desânimo
  • Porque em muitas situações nos confrontamos com o caos: acúmulo de temas, processos de adaptação, hipóteses heterogêneas.
  • Caos criador que nos demanda nova re-estruturação-organização. Procura da forma original própria e única adequada ao novo momento.
  • Vida de grupo (ah!!... vida de grupo...)

Vida de grupo dá muito trabalho e muito prazer
  • Porque eu não construo nada sozinho; tropeço a cada instante com os limites do outro e os meus próprios, na construção da vida, do conhecimento, da nossa história.

Madalena Freire Welfort

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Cumplicidade

Meus Rabiscos


Pois é... Remexer em arquivos dá nisso! Vasculhar arquivos é relembrar o tempo ido... O que é impressionante é que a poesia não se envelhece nunca e os rabiscos, um dia lançados a ermo, de repente são resignificados, ganham outros contornos, permitem outros voos, que não assombram... ao contrário, permanecem convidativos.

Numa dessas "remexidas" resgatei um texto construido, talvez por outro cara, ou quem sabe, pelo mesmo cara que ainda mora nesta alma de caminheiro. Eis o texto, que já nem me lembro de quando e como, mas que à época chamei de "Cumplicidade Virtual":


O ato da indagação supõe ousadas vontades travestidas de incertezas 

e incólumes desejos,
ambas as coisas, nascidas do sonho vivido.

Sonho que, inerte, pergunta se vale o caminhar...
Se o caminho existe...
Se espinhos são oferecidos...
Se pés descalços merecem o chão...
Se o caminheiro não é virtual...
Tão somente virtual...

Nesse íntimo e sombrio solilóquio,

ainda matizado pela virtualidade,
manifesta-se a euforia que não ressente o medo...
Que imagina a face, mas não vê o olhar...
Que toca os lábios, mas não ouve os sussurros...
Que se deleita na pele suave, mas não mergulha na alma...

É quando então ressurgirmos e junto carregamos o medo.
Medo de ousar...
De viver...
De pertencer...
De permitir-se...
De encontrar e desencontrar...

Medo do sonho ser verdade e da virtualidade, 

ainda que desconhecida a incompletude, 
faça repousar, insana, a vida em frenesi.

Só uma palavra então é permitida à imensidão dos olhos,

ao sussurro da voz e aos inquietos gestos de busca: 
ENCANTAMENTO!!

Já não há medo!

Já sou cúmplice do jeito de andar!!



domingo, 12 de junho de 2016

Amor, Fartura ou Sucesso

 Metáfora
Uma mulher saiu de sua casa e viu três homens com longas barbas brancas sentados em frente ao quintal dela. Ela não os reconheceu. Depois de observar por algum tempo disse:

— Acho que não os conheço, mas devem estar com fome. Por favor entrem e comam algo.
—  O homem da casa está ? Perguntaram.
— Não. Está fora.

Foi o que respondeu a mulher. Ao que eles retrucaram:
—  Então não podemos entrar. 

A noite quando o marido chegou, ela contou-lhe o que aconteceu.
—  Vá, diga que estou em casa e convide-os a entrar.

A mulher saiu e convidou-os a entrar.
—  Não podemos entrar juntos. Responderam.
—Por que isto ? 

Ela quis saber e um dos velhos explicou-lhe:
—  Seu nome é Fartura. 

Ele disse apontando um dos seus amigos e mostrando o outro, falou:
—  Ele é o Sucesso e eu sou o Amor. 

E completou:
—  Agora vá e discuta com o seu marido qual de nós você quer em sua casa.

A mulher entrou e falou ao marido o que foi dito. Ele ficou arrebatado e disse:
—Que bom!

Ele disse.
—Neste caso vamos convidar Fartura. Deixe-o vir e encher nossa casa de fartura.

A esposa discordou:
Meu querido, por que não convidamos o Sucesso ?

A filha do casal que ouvia do outro canto da sala apresentou sua sugestão:
  Não seria melhor convidar o Amor? Nossa casa então estará cheia de Amor.
  Atentamos pelo conselho de nossa filha.
 
Disse então o marido para a esposa:
Vá lá fora e chame o Amor para ser nosso convidado.


A mulher saiu e perguntou aos três homens:
  Qual de vocês é o Amor? Por favor entre e seja nosso convidado.
O Amor levantou-se e seguiu em direção à casa. Os outros dois levantaram-se e seguiram-no. Surpresa a senhora perguntou-lhes:
  Apenas convidei o Amor, por que vocês entraram?

Os velhos homens responderam juntos :
  Se você convidasse o Fartura ou o Sucesso, os outros dois esperariam aqui fora, mas se você convidar o Amor, onde ele for iremos com ele. Onde há Amor, há também fartura e sucesso !!!